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Notícias / Agricultura

Estudo mostra margens negativas na cana-de-açúcar e no etanol

Agência Estado

Os fornecedores de cana-de-açúcar e as destilarias que produzem etanol operaram com margens negativas na safra 2012/13. Os custos de produção foram muito superiores aos preços recebidos, diz estudo elaborado por técnicos do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Pecege/Esalq). Os dados foram apresentados nesta quarta-feira, 09, na reunião da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que encomendou o estudo.

Os pesquisadores calculam que, na Região Nordeste, os fornecedores independentes tiveram margem negativa em 31%, com uma perda de R$ 22,91 por tonelada de cana produzida. Nas regiões tradicionais de São Paulo e do Paraná, o prejuízo chegou a 21,13% (R$ 13,61/tonelada). Nas áreas de nova fronteira da cana (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais) o prejuízo foi de 3,94% (R$ 2,53/tonelada).

Carlos Eduardo Xavier, um dos coordenadores do estudo do Pecege, explica que os levantamentos de custos de produção de cana, etanol e açúcar foram feitos em 15 regiões produtoras. Um dos fatores apontados pelo estudo com responsável pelos prejuízos foi o alto valor das terras arrendadas nas regiões tradicionais e a incorporação dos custos de capital no Nordeste. 'Se não mudarmos a atual política do setor sucroenergético, perderemos competitividade e muitos produtores sairão da atividade', alerta presidente da comissão da CNA, Enio Fernandes.

Fernandes disse que, além do custo de produção, outro problema é a formação dos preços pagos pelas indústrias na compra da cana-de-açúcar. Na maioria dos Estados, o pagamento é feito com base na metodologia de cálculo elaborada pelo conselho (Consecana) formado por representantes das usinas, das destilarias e dos produtores de cana. 'A remuneração da matéria-prima é injusta, ficando de 10% a 13% abaixo do valor real', alega Fernandes.

O presidente da comissão observa que os produtores independentes foram mais eficientes que as usinas que têm produção própria de cana-de-açúcar, pois obtiveram níveis superiores de Açúcar Total Recuperável (ATR), que mede a qualidade da matéria-prima. Segundo ele, dados do estudo desmentem 'as afirmações de que o fornecedor independente não é um bom gestor'.

O estudo do Pecege sobre o etanol mostrou que as margens de lucro das destilarias foram negativas em 17,5% para o combustível hidratado no Nordeste, de 12,2% nas regiões tradicionais e de 11,9% nas de expansão. No caso do etanol anidro, as margens foram de menos 6,4% nas regiões tradicionais, de menos 5,2% nas áreas de expansão e de menos 11,4% no Nordeste.

Pelos cálculos do Pecege, o açúcar foi o único dos três produtos do setor sucroalcooleiro que proporcionou margens positivas na safra passada. Na Região Nordeste, o lucro foi de 10% para o açúcar branco. Na região de nova fronteira, o açúcar bruto (VHP), destinado à exportação, gerou margem de lucro de 11%. Na demais regiões, tanto para o açúcar branco quanto para o VHP a margem foi de pouco mais de 2%, 'o que faz com que as usinas fiquem receosas em ampliar a produção, para evitar um excesso de oferta e a consequente queda dos preços', diz o Pecege.
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