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Notícias / Agricultura

Pesquisadores do Brasil e da Argentina se unem para controlar mosaico estriado do trigo

Embrapa

Um grupo de especialistas do Brasil e Argentina esteve reunido em setembro na Embrapa Trigo para avaliar a expansão e alternativas de manejo do ácaro Aceria tosichella, vetor do agente causal do mosaico estriado do trigo, e das viroses transmitidas na América do Sul. O mosaico estriado do trigo e o ácaro foram detectados pela primeira vez na Argentina em 2002 e 2004 respectivamente. No Brasil, o ácaro foi encontrado em 2006, em quatro municípios do norte do Rio Grande do Sul. Hoje, o ácaro está no noroeste gaúcho, oeste catarinense e centro-sul paranaense, ampliando sua distribuição geográfica e diversidade de hospedeiros.

O ácaro Aceria tosichella Keifer (Prostigmata: Eriophyidae) afeta o cultivo de cereais em várias partes do mundo, como América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. Ele provavelmente é disseminado pelo vento ou via sementes contaminadas. Os danos com o ataque do ácaro podem ser físicos, comprometendo o desenvolvimento da planta quando em altas populações, e como vetor de viroses que comprometem a planta e reduzem a produtividade. A habilidade de transmitir diferentes espécies de vírus é o que mais preocupa os pesquisadores.

Na Argentina, na última década, os pesquisadores detectaram duas espécies de vírus transmitidos pelo ácaro: o WSMV (Wheat streak mosaic virus), ou vírus do mosaico estriado do trigo, e o HPV (High plains virus), responsável por grandes danos econômicos na América do Norte nos anos 1990. Recentemente, o surgimento de uma nova espécie de vírus foi identificada: o TriMV (Triticum mosaic virus), que consegue infectar plantas com resistência genética ao WSMV.

– No sul do Brasil, o desafio maior é fazer a correta diagnose, pois várias espécies de vírus presentes no ambiente também podem causar mosaico – explica o pesquisador da Embrapa Trigo, Douglas Lau.

De acordo com o pesquisador, o potencial de impacto do problema no Brasil pode ser considerado alto, uma vez que a praga pode permanecer em várias gramíneas abundantes no país e a caracterização de cultivares de trigo brasileiras ainda não chegou a um genótipo com resistência satisfatória. Contudo, por enquanto, as populações do ácaro encontradas em condições de campo no Brasil ainda são baixas, sendo difícil a detecção do WSMV.

– Um dos maiores problemas tem sido o cultivo do milho na rotação com o trigo, que mantém a ponte verde para a presença do ácaro – afirma a pesquisadora Graciela Truol, do Instituto Nacional de Tecnologias Agropecuárias da Argentina (INTA).

Ela explica que explica que os produtores têm utilizado algumas técnicas de manejo para escapar do problema, como adquirir apenas sementes com boa procedência, plantar mais tarde na época recomendada e eliminar plantas guachas dentro e no entorno da lavoura.
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