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Notícias / Agronegócio

Frente Parlamentar do setor sucroenergético é criada no Congresso Nacional

Rural BR

 O Congresso Nacional instalou nesta terça, dia 5, uma frente parlamentar para apoiar o setor sucroenergético. O endividamento crescente das usinas de cana-de-açúcar preocupa o setor, que também reclama da falta de políticas públicas para investir na produção e venda de etanol. Mais de 300 parlamentares oficializaram a participação na Frente Parlamentar Pela Valorização do Setor Sucroenergético.

Algumas das recentes medidas provisórias aprovadas no Congresso beneficiaram os usineiros, como o crédito presumido e redução de PIS e Cofins, e ainda os produtores de cana e etanol do Nordeste, que tiveram perdas com as secas dos últimos anos. Mas as medidas não são suficientes. Os empresários do setor defendem uma política de preços que permita a competitividade do etanol.

Para a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, disseminar essa realidade será uma das principais tarefas da Frente Parlamentar, que será presidida pelo deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP).

– É muito importante que a sociedade saiba que mesmo com resultados negativos nos últimos anos e às custas de um endividamento crescente e perigoso para o setor, as empresas têm investido fortemente em tecnologia para melhorar seu desempenho, aumentar a produção e melhorar a sustentabilidade. Infelizmente, os bons resultados do lado da produção não estão se traduzindo em retorno financeiro. O preço médio nominal pago pelo etanol na usina é decrescente nos últimos três anos, enquanto os custos estruturais e conjunturais da produção têm crescido sem trégua – afirma a presidente da Unica.

Segundo os dados da Unica, só em 2012, foram investidos mais de US$ 4 bilhões na renovação e expansão dos canaviais da região Centro-Sul, onde se produz 90% da cana-de-açúcar brasileira. Entre 2006 e 2012, a implantação da colheita mecanizada no Centro-Sul consumiu US$ 4,5 bilhões, enquanto outros US$ 4,5 bilhões foram investidos em mais de 80 usinas para ampliar a oferta de bioeletricidade e a geração de excedentes para a rede de distribuição. Mas a dívida das usinas desta região também cresceu – cerca de 16% no último ano.

Ferrovias, terminais, armazéns e a infraestrutura portuária para exportação receberam cerca de US$ 1,5 bilhão, com outros US$ 3,5 bilhões programados até 2017 para a construção de dutos e hidrovias, que vão compor o maior sistema de transporte de biocombustíveis do mundo, com mais de 1.300 quilômetros. Contudo, 44 usinas fecharam as portas nas últimas quatro safras.

– Isto tudo não leva em consideração os recursos cada vez maiores, dedicados ao desenvolvimento do etanol celulósico, ou de segunda geração. Não é por acaso que nossas empresas hoje obtém entre sete e oito mil litros de etanol por hectare, enquanto a produção de etanol de milho, nos Estados Unidos, não ultrapassa os quatro mil litros por hectare – frisou a presidente da Unica, lembrando que o etanol brasileiro permanece o único no mundo reconhecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) como um biocombustível avançado.

A EPA reconhece que o etanol de cana reduz a emissão de gases que levam às mudanças climáticas em até 90% comparado com a gasolina, contra uma redução de no máximo 30% obtida pelo etanol de milho.

A Frente liderada por Arnaldo Jardim é a terceira lançada nas últimas semanas em apoio ao setor sucroenergético. A primeira, lançada no dia 3 de outubro na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, liderada pelos deputados estaduais Roberto Morais e Welson Gasparini. Posteriormente, no dia 23 de outubro, foi lançada também na AL paulista a Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios Canavieiros, coordenada pela deputada estadual Beth Sahão.
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