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Feira auxilia segurança alimentar e fortalecimento da cultura indígena

MDA

 A cultura indígena é fundamentada na manutenção de elementos tradicionais, como a língua, os rituais e a alimentação. Por isso, cada vez mais, populações buscam conservar e recuperar seus cultivos tradicionais. Uma importante ferramenta nesse processo são as trocas de sementes, como a que ocorre dentro da 1a Feira Nacional da Agricultura Tradicional Indígena, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) durante os Jogos dos Povos Indígenas 2013, em Cuiabá. O evento reúne 15 etnias indígenas brasileiras, que além de comercializarem seus produtos, utilizam o espaço para trocar experiências e sementes com os parentes de outras comunidades.

“Estamos em um momento muito especial. É a primeira vez que se reúne agricultores guardiões de sementes para conversar sobre agricultura indígena.
Como suas roças se estabelecem pela diversidade, quanto maior a variedade de espécies mais segura é a roça em relação a adversidades climáticas e de pragas. Esses momentos de troca são importantes para fortalecer a produção e para garantir a soberania alimentar”, pontua a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Terezinha Dias.

A população indígena cresce no dobro da proporção da população tradicional, 3,5% ao ano. A parceria do MDA, Embrapa e Fundação Nacional do Índio (Funai) na promoção deste evento destaca o compromisso do Governo Federal na busca pelo etnodesenvolvimento das comunidades indígenas, na produção de alimentos sadios em quantidade e qualidade para atender esses povos.

Troca de sementes

O exemplo partiu da experiência Krahô, em 1995. As lideranças do povo buscaram a Embrapa para resgatar sementes de quatro variedades de milhos indígenas fortemente relacionados a sua cultura. Foi o primeiro passo para fortalecer as estratégias tradicionais de segurança alimentar Krahô, a partir do aumento do número de variedades de produzidas e, consequentemente, a quantidade. Atualmente o processo envolve, inclusive, a produção de mudas.

“Fortaleceu a nossa produção e enriqueceu nossa alimentação”, explica o Krahô Fernando Kropká. Eles, que até então dependiam muito da coleta, passaram a cultivar os próprios alimentos. Daí surgiram as feiras de trocas de sementes, a fim de dividir a experiência e fazer circular as espécies recuperadas. A partir de então, o povo realizou nove eventos deste tipo entre diversas etnias, inclusive com comunidades quilombolas.

Há dois anos, quando tiveram contato com a experiência Krahô, os Tupinambá no sul da Bahia se inspiraram e começaram o próprio projeto de recuperação das plantas tradicionais. A princípio com plantas medicinais, até o resgate de espécies que haviam deixado de produzir.

O projeto começou na escola indígena, com os alunos do ensino infantil. “Acreditamos que trabalhar com as crianças seria a melhor forma de reinserir esta cultura e assim as motivar a permanecer na terra”, explica o Tupinambá Erlon Fábio Costa, vice-diretor da Escola Estadual Indígena Tupinambá de Olivença.

Para começar, as aulas de ciências passaram a incluir o cultivo de ervas medicinais tradicionais. O trabalho deu tão certo, que passou a incluir a plantação de hortaliças e a redescoberta de espécies perdidas, como inhame. Hoje, os alimentos são servidos na alimentação escolar e as mudas são distribuídas às famílias para formar as próprias roças. A expectativa é ampliar o projeto para todos os 20 núcleos da escola Tupinambá, alcançando a aproximadamente, 1,2 mil crianças e jovens.
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