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Notícias / Agricultura

Safristas dão duro nas lavouras e elevam a grandeza da nossa agricultura

Globo Rural

  Com 800 mil hectares de pomares, o Brasil é o maior produtor de laranja do mundo. De cada quatro produzidas no planeta, uma sai daqui. Com o café não é diferente: com 2,3 milhões de hectares cultivados, nosso país se destaca como maior produtor mundial. Nos canaviais, o desempenho também impressiona: 9 milhões de hectares plantados e liderança na produção global de açúcar e etanol de cana.

Além de abastecer o mercado brasileiro, esses três produtos também são exportados para dezenas de países, em todos os continentes. A principal porta de saída é o Porto de Santos.

O Brasil domina um terço das vendas mundiais de café, metade do mercado global do açúcar e nada menos que 80% das exportações de suco de laranja concentrado.

Grande parte desses produtos passa pelas mãos de trabalhadores temporários, também conhecidos como volantes. Nos meses de safra, a laranja atrai cerca de 90 mil pessoas, a cana 170 mil e o café, mais de 2 milhões de colhedores.

Café
Madrugada gelada no município mineiro de Cruzília. Cinco horas da manhã e a família Gonçalves já está se preparando para mais um dia de serviço.

Os colhedores da casa são a mãe Bete, o pai Paulo e duas filhas: Natália, de 18 anos, e Gleice, de 20. Diulia, que é a mais velha, vai ficar em casa para cuidar das crianças.

Seis da manhã e a família já está na rua, à espera do ônibus da fazenda. Seis e quinze, todo mundo acomodado e a viagem começa.

O destino deste e de outros três ônibus é o município de Baependi, onde fica uma propriedade com tradição no café.

A fazenda Campo Comprido planta cerca de 450 mil pés de café. Para colher isso tudo, emprega 97 pessoas.

Assim que chega, a família Gonçalves logo se espalha pelo cafezal. Rosana, irmã de Paulo, conta que o período de safra vai de maio à outubro e quase todos os colhedores moram na própria região.

Colheita de café é um trabalho que exige agilidade e resistência, mas para Bete, o serviço não tem mistério.

Outra parte importante do serviço é abanar o café, para separar as folhas dos frutos. Depois da peneira, o café é colocado em sacos bem grandes.

Todos os trabalhadores são registrados pelo salário mínimo e ganham um complemento por produção. Na prática, enquanto um colhedor médio tira em torno de R$ 800 por mês, os craques da colheita conseguem salários bem mais altos.

Caso de José de Arantes. No mês passado, ele colheu 216 sacas de café e conta que deu para tirar R$ 2188, um bom salário, conforme avalia.

Laranja
Em uma fazenda de laranja no município paulista de Itápolis, nos meses de safra, entre maio e janeiro, os pomares ficam cheios de trabalhadores temporários, como Ivanilde Martins.

Ela carrega peso, sobe na escada, retira o fruto, o serviço é bastante puxado, mas mesmo assim, muitos levam a vida com bom humor.

Pra dar conta do ritmo puxado, ao longo do dia, o pessoal vai dando algumas paradinhas.

Gisleine, Rafael e Ivanilde não são funcionários da propriedade, mas sim de um condomínio de agricultores. Juntos, eles registram os funcionários e o pessoal vai passando de fazenda em fazenda ao longo da safra. Como no café, o salário depende da produção.

A medida usada para pagar o colhedor chama-se “caixinha”, mas na verdade é um saco com capacidade para 27,2 quilos. Nesta safra, na região centro-norte de São Paulo, o valor pago por uma caixinha é de R$ 0,65 centavos. Em cada uma delas cabem, mais ou menos, 230 laranjas, dependendo do tamanho da fruta.

O salário de Rafael representa bem a média dos colhedores, cerca de R$ 800 por mês.

A maior parte dos safristas mora nos municípios da própria região, situação parecida com a do café, mas diferente das lavouras de cana.

Apesar do avanço da mecanização, os canaviais de São Paulo ainda atraem uma grande quantidade de trabalhadores que vêm de longe, de outras regiões do Brasil.
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