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Colheita da safra recorde começa com clima favorável

Gazeta do Povo

 A colheita da maior safra de soja já plantada no Brasil está começando em Mato Grosso e as previsões são de chuva nas principais regiões produtoras do país. Aos poucos, o temor de perdas expressivas por estiagens vai ficando para trás. Na próxima semana, as colheitadeiras avançam também no Oeste do Paraná, onde faltou umidade em dezembro, com perdas localizadas.

Um dos primeiros a colher, Gilberto Possamar, de Sorriso (MT), conta que a oleaginosa está rendendo mais. Ele alcança 67 sacas/ha em área irrigada (mil hectares) e espera média de 60 incluindo a área sem irrigação (também mil hectares). No ano passado, a marca foi de 57 sacas/ha, ou seja, 5% menor.

“Até agora está bom demais para ser verdade. Tem chovido mas estamos conseguindo iniciar a colheita”, afirma. O agricultor vendeu antecipadamente toda a produção, por preços entre R$ 50 e R$ 56/saca. Possamar melhorou sua posição, um ano atrás entre R$ 40 e R$ 63/saca, apesar da previsão de queda nos preços.

“A colheita vai engrenar mesmo daqui duas semanas”, afirma Laércio Lenz, produtor e presidente do Sindicato Rural de Sorriso. No Oeste mato-grossense, os produtores aplicam dessecante para encerrar o ciclo. O plantio dos 8,4 milhões de hectares foi concentrado (2 milhões numa única semana, no final de outubro) e a colheita também deve ocorrer rapidamente.

Estiagem

Em dezembro, faltou chuva em regiões agrícolas como Dourados (MS), Palotina (PR), Passo Fundo (RS). As perdas localizadas são agravadas por ataques da lagarta Helicoverpa armigera. O potencial de recuperação das plantas, que voltaram a receber umidade, está sendo testado.

As chuvas desta semana ajudam, mas não anulam as perdas de dezembro, avalia Ronaldo Vendrame, gerente agronômico da cooperativa C. Vale, com sede em Palotina, no Oeste paranaense. “Esperávamos uma média de 58 sacas por hectare e podemos fechar em 50”, estima.

“A colheita começa pelas áreas que mais sentiram falta de chuva. A semana do Natal foi terrível para essas lavouras, que estavam desde 7 de dezembro sem água. Em algumas propriedades, as perdas chegam a 30%”, avalia.

Mato Grosso e Paraná tradicionalmente abrem a colheita brasileira de soja. São responsáveis por 45% da área plantada e 48% da produção, conforme a Expedição Safra Gazeta do Povo. A produção tende a ser de 26,5 milhões e 17 milhões de toneladas, respectivamente, com expansão de 10% e 5% sobre a temporada anterior.

Em âmbito nacional, foram plantados 29,49 milhões de hectares (+7%) e esperam-se 91 milhões de toneladas (+11%). Os técnicos da Expedição Safra – que percorrem 14 estados para sondagens de campo – voltam à estrada ainda em janeiro.

Milho deve ter corte menor após exportação ultrapassar estimativa

A colheita de milho de verão também começa nas próximas semanas. O plantio foi reduzido a 6,9 milhões de hectares (-9,5%) para dar espaço à soja, e as lavouras devem render cerca de 35 milhões de toneladas em todo o país (-3,5%). No Noroeste do Rio Grande do Sul, há relatos de perdas localizadas de até 30%.

Diferente da oleaginosa, que vale 8% mais, o cereal está desvalorizado, com preços 24% abaixo dos praticados um ano atrás no Paraná. A novidade é a recuperação de 4% verificada na virada do ano, após a confirmação de que as exportações nacionais do cereal passaram de 25 milhões de toneladas – 10 milhões a mais do que o previsto inicialmente pela Companhia Nacional de Abastecimento.

Com a saca acima de R$ 19, os produtores que pretendiam reduzir o plantio de inverno, que começa ainda em janeiro, tendem a fazer cortes menores. “Alguns vão optar por soja safrinha, outros por trigo, mas não deve ter grande redução no plantio de milho de segunda”, avalia Ronaldo Vendrame, agrônomo da cooperativa C. Vale, de Palotina (PR).

Confirmada essa reviravolta, a produção de 2013/14 (verão e inverno) pode atingir 79 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume da temporada anterior.
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