Imprimir

Notícias / Meio Ambiente

Comercialização de madeira de cedro australiano surpreende produtores

Painel Florestal

 Desde os primeiros plantios, sempre se discutiu a utilização do cedro australiano como alternativa para produção de madeira. Sua real produtividade e diversas possibilidades de uso, rentabilidade e mercado, foram e continuam sendo motivo de acaloradas discussões. De um lado, os céticos perguntam se o mercado vai aceitar o produto, e se aceitar, com que deságio. De outro, otimistas falam em exportar sua produção, sonhando com cotações internacionais.

Atualmente, vemos um momento de definições para os investidores. Usos e preços começam a ser validados pelo mercado, consolidando o cedro australiano entre as principais espécies para produção de madeira para serraria. A realidade que está se confirmando é simples e objetiva. E extremamente interessante economicamente.

Ao longo do tempo, muitos consumidores de madeira trocaram a espécie utilizada, por diversos motivos; seja a escassez e dificuldade de obtenção, custos de transporte, alto preço, entre outras questões. Com a iminente extinção econômica do cedro e mogno brasileiro, fica uma enorme lacuna que vem sendo preenchida com outras espécies. Muitas nativas como a virola e a caixeta viraram substitutas, ficando ainda mais expostas ao extrativismo.

No caso do cedro australiano, este é o substituto óbvio para o cedro rosa brasileiro; madeira muito valorizada e hoje escassa, parecida com o australiano a ponto de ser confundida por marceneiros. Além disso, existe uma enorme gama de produtos que necessitam de madeira leve, estável e trabalhável, para serem confeccionados, seja para uso nobre ou não, podendo ser perfeitamente feitos com o cedro australiano. Entre as madeiras de reflorestamento, o eucalipto e o pinus nem sempre são bons substitutos.

A pronta aceitação da madeira jovem de cedro australiano pelo mercado reduziu a expectativa de produção da espécie, antes estimada em 15 anos. Atualmente já existem usos para a madeira a partir dos 7 anos de idade, com os preços esperados para a madeira de 15 anos. Esta demanda viabiliza a utilização da madeira de desbaste e nos mostra que o valor agregado em árvores de maior diâmetro (15 anos) poderá ser superior ao esperado.

Alguns anos após o plantio, muitos produtores já possuem florestas de cedro australiano com bom volume de madeira, algumas com 10 anos de idade. Outros trabalham desbaste de madeira fina, dentro do manejo estabelecido para a cultura. Nesse caso, a busca de alternativas para a comercialização do estande manejado ou da madeira proveniente de desbastes, é uma preocupação. Quem inicia a procura de mercado mais cedo e consegue agregar algum valor na madeira, tem melhores rendimentos. O processamento da madeira apesar de gerar custo, multiplica o valor da madeira, sendo um diferencial para quem quer ganhar mais com a venda de sua floresta.

A questão do processamento de madeira está diretamente ligada às necessidades de seus consumidores. Tradicionalmente quem compra madeira já a compra serrada, seca, em tamanhos comerciais pré-definidos, enfim, apta para entrar na linha de produção. Dificilmente um consumidor de madeira dentro deste perfil se interessará em adquirir toras não processadas ou florestas para corte, salvo casos de necessidade extrema. Resumindo: o mercado consumidor não está interessado em matéria prima, mas em produto.

Já no que diz respeito à colheita e processamento, ambos devem ser feitos para atender o consumidor. O foco no cliente determina que caminho o processamento seguirá. Em que comprimento cortar as toras no campo, qual o comprimento da peça acabada, qual o diâmetro mínimo e máximo das extremidades da tora, qual a largura e altura das peças produzidas, etc. Dessa forma as perdas são minimizadas e a rentabilidade aumenta ao processar a madeira.

A busca de oportunidades locais de negócios também é uma importante ferramenta para o investidor da cultura. Muitos produtores sonham em exportar sua madeira mesmo sem possuir escala de produção, enquanto o mercado regional tem excelente potencial para absorvê-la. A confecção de forros, lambris, portas e janelas, é uma excelente alternativa e os preços de venda destes produtos acabados são compatíveis com os de outras madeiras já estabelecidas no mercado. Lambris de cedro australiano feitos com madeira de 8 anos estão sendo comercializados por R$ 25,00 o m2 (R$ 2.500,00/m3)no sul de Minas. Sarrafos de cedro australiano para confecção de baús para caminhões frigoríficos estão sendo comercializados a R$ 1.400,00 o m3. O mercado de laminados, compensados e molduras está pronto para utilizar a madeira. O m3 de lâmina de cedro australiano foi avaliado em R$ 1.500,00. Esses são apenas alguns exemplos.

Serrar madeira fina é considerado um ponto estratégico em muitos países e, por necessidade, o Brasil está começando a acordar para este fato. Atualmente, devido à existência de materiais genéticos superiores e conhecimento técnico, os novos plantios de cedro australiano têm produtividade muito superior à das florestas implantadas 10 anos atrás. Neste contexto, o cedro australiano destaca-se em relação às outras espécies de valor agregado no mercado madeireiro, com volume, qualidade e beleza.
Imprimir