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Notícias / Agricultura

Após descarte do tomate, preço ao produtor reage

DCI

Os preços recebidos pelo produtor na venda do tomate começaram a subir após o descarte de frutos no começo do ano. Entre o primeiro dia útil do ano e ontem, a cotação média subiu 84,5% na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), de R$ 1,23 para R$ 2,27. Apesar do aumento, não deve se repetir o ocorrido no ano passado, quando o consumidor chegou a pagar mais de R$ 7 pelo quilograma do tomate.

Para o produtor, a explosão de preços em 2013 foi positiva. João Carlos Santana, hortifruticultor de Itapetininga, chegou a vender algumas caixas de 22 quilogramas no ano passado por R$ 120, sendo que a maior parte das caixas foi vendida por preços que oscilaram entre R$ 80 e R$ 90. Neste mês, ele está vendendo a caixa a uma média de R$ 13, quase dez vezes menos do que o valor alcançado há um ano.

Os agricultores que se animaram com a remuneração de 2013 geraram um excedente de oferta e agora estão colhendo os frutos dos altos preços do tomate.

Segundo Santana, o valor que ele está recebendo pela caixa apenas cobre os seus custos de produção, sem considerar o pagamento da mão de obra. "No fim do ano passado chegamos a vender caixa entre R$ 8 e R$ 9 e tivemos prejuízo", afirma.

Com o excesso de produção e os preços baixos, muitos agricultores de Itapetininga, Tapiraí e Ribeirão Branco, no Estado de São Paulo, destinaram o fruto para alimentar o gado ao invés de comercializar nos entrepostos, reduzindo a produção que é ofertada para o mercado.

Esse aumento, porém, tem limite, já que a previsão é que a demanda também esteja mais aquecida neste ano, segundo Flavio Godas, analista da Seção de Economia e Desenvolvimento (Sedes) do Ceagesp.

A companhia paulista calcula que o movimento de comercialização do tomate neste ano deve subir 5% em função da maior oferta no estado e da demanda crescente, impulsionada pelo fluxo maior de pessoas com a Copa do Mundo. De janeiro a novembro do ano passado foram comercializados 275 mil toneladas no centro paulista. A estimativa é que o ano feche com 320 mil toneladas comercializadas, segundo Godas. Se houver alta de 5%, o Ceagesp deve encerrar o ano com 336 mil toneladas vendidas.

O aumento do volume produzido é reflexo não só da expansão de área plantada como também do aumento de produtividade. "O preço no ano passado impulsionou os investimentos [em tratos culturais]", afirma Valdenir Fernandes, produtor de Nova Friburgo (RJ). Neste ano, Fernandes colherá 62 toneladas por hectare, enquanto no ano passado a produtividade era de 54 toneladas o hectare. "Também tem aparecido produtos diferenciados que apresentam grandes resultados para o solo", atesta o agricultor.

No entanto, de acordo com Santana, de Itapetininga, muitos desses insumos são importados e estão mais caros neste ano com a variação do dólar.

Consumidor

"Os preços ao consumidor não vão voltar ao [nível] do ano passado. Não tem nenhuma possibilidade, a não ser que tenha uma catástrofe. O produtor já se preparou, houve maior produção", afirmou Godas, do Ceagesp.

Godas acredita que o preço atual, por volta de R$ 2,25, é um "preço de equilíbrio" entre o produtor e o consumidor. "O preço baixo como estava é bom para o consumidor no curto prazo, mas acaba não sendo no médio prazo porque o produtor ou vai plantar menos ou vai migrar", afirma o economista.
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