Imprimir

Notícias / Economia

Economia da china cresce 7,7%, menor expansão em 14 anos

O Globo

A economia da China cresceu 7,7% em 2013, mesma taxa do ano anterior e menor patamar em 14 anos. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país) chinês cresceu num ritmo mais baixo no quarto trimestre, afetado pela desaceleração da produção industrial e do consumo. A economia do país avançou 7,7% nos três últimos meses do ano passado na comparação com o mesmo trimestre de 2012, revelou ontem o Escritório Nacional de Estatísticas (Ene), em Pequim. Este percentual se compara aos 7,8% do terceiro trimestre e lança luz sobre os desafios que o novo governo chinês enfrentará este ano, numa conjuntura de aperto de crédito, quando tenta implementar reformas econômicas dolorosas.

- O ritmo de crescimento está claramente desacelerando - disse Dariusz Kowalczyk, economista sênior do Crédit Agricole CIB, em Hong Kong.

A desaceleração da economia chinesa, mesmo que moderada, deve levar a uma redução nos preços das Commodities (como Soja, minério de ferro, açúcar e Petróleo), afetando diretamente as receitas com exportações do Brasil, que tem esses produtos como os mais vendidos para o país asiático.

- Estamos esperando para este ano uma queda de 1% nas exportações brasileiras de Commodities , principalmente por causa da China - afirmou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Em 2013, as exportações brasileiras para a China cresceram 11%, alcançando US$ 46,02 bilhões. Os itens mais comprados pelos chineses foram: Soja em grão, cobre, minério de ferro, celulose e açúcar. Já as importações avançaram um pouco menos, 8,9%, para US$ 37,3 bilhões, resultando num saldo comercial de US$ 8,7 bilhões a favor do Brasil.

- A expectativa é de que esse superávit seja um pouco menor este ano, por causa dos preços menores dos produtos que exportamos para a China. Não estamos falando de queda nos volumes, que não está prevista - afirmou Castro

Ele observou, porém, que a valorização do dólar ante o real torna os produtos chineses mais caros, o que deve ajudar a frear um pouco as importações daquele país:

- Isso deve compensar em parte a queda dos preços das Commodities - disse o presidente da AEB.

Dívida chinesa preocupa

A Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, não vê na redução do ritmo de crescimento chinês um cenário muito preocupante para o Brasil. Ele lembra que está em curso um redirecionamento da estratégia econômica chinesa, com o fortalecimento da demanda interna e uma acomodação dos investimentos, o que pode afetar os preços de Commodities como o minério de ferro.

- Avaliamos que a China manterá um ritmo de crescimento na casa de 7%, o que é positivo para o mundo. E, com a opção de estimular o consumo, as perspectivas são muito boas para as Commodities agrícolas que o Brasil vende aos chineses - disse Campos Neto.

Na lista de itens comprados da China pelo Brasil se destacam produtos manufaturados, como Máquinas e Equipamentos, microprocessadores e bens de consumo.

A contração da demanda global pelas exportações chinesas obrigou Pequim a adotar um modesto plano de estímulos em meados de 2013, baseado em maior gasto em Infraestrutura, especialmente construção Ferroviária. O crescimento passou de 7,5% no segundo trimestre para 7,8%, no seguinte, mas voltou a cair ao se esgotarem os incentivos. Os líderes chineses disseram que um novo estímulo desse tipo teria pouco efeito positivo, sendo necessário realizar reformas a longo prazo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a China crescerá este ano 7,3%. Analistas do setor privado estimam que o PIB da China vai avançar entre 7,2% e 7,4% em 2014. Se confirmado, este seria o pior desempenho do país desde 1990.

- A acumulação de problemas a longo prazo não diminuiu e as bases da estabilização econômica e a recuperação continuam se consolidando - disse o comissário do Ene, Ma Jiantang.

Uma das maiores preocupações dos gestores da política monetária chinesa tem sido a rápida expansão do endividamento, boa parte em razão de um sistema bancário local com frouxa regulação. Depois de ter permanecido estável em cerca de 130% do PIB ao longo dos anos 2000, o volume começou a crescer aceleradamente a partir da crise financeira de 2008, chegando a 200% no ano passado.
Imprimir