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Com população muçulmana crescente, mercado de carnes halal aumenta na Rússia

Gazeta Russa

 Elas são compradas não apenas por muçulmanos, que têm se tornado mais numerosos na sociedade russa, mas por pessoas sem motivação religiosa. Para os consumidores comuns, a certificação halalse tornou uma marca de qualidade.

A demanda cresce - De acordo com o diretor-executivo da empresa de consultoria Rinkom Management, Konstantin Korneev, nos últimos três anos a produção de alimentos halal aumentou três vezes - de 450 mil toneladas em 2010 para 1,3 milhão de toneladas em 2013. "Hoje, o volume de produção de alimentos halal é de cerca de 1,3 milhão de toneladas por ano, para todos os tipos de carne", disse o especialista. Korneev está convencido de que no futuro próximo esse número irá aumentar ainda mais. "Na minha opinião, ele chegará aos 2 milhões de toneladas nos próximos dois ou três anos", concluiu.

É a demanda crescente que inspira tal otimismo nos participantes do mercado. "O mercado de produtos halal está crescendo devido a três fatores. Em primeiro lugar, há o crescimento numérico da população muçulmana na Rússia, graças ao aumento da natalidade nas famílias religiosas. De acordo com estimativas, 15% da população da Rússia de hoje é muçulmana, o que soma um total de cerca de 20 milhões de pessoas", explica o presidente da AgriFood Strategies, Albert Davleev. Além disso, Korneev lembra que a dispersão da população muçulmana está se alterando e ela aparece já uniformemente distribuída em todo o país.

"A segunda causa para o aumento da procura por produtos halal é o aumento do número de fiéis que aderem aos preceitos religiosos", continua Davleev. E, finalmente, o principal estímulo é o crescimento da procura entre os não-muçulmanos. "Temos notado uma nova tendência em relação aos produtos halal: eles estão se tornando cada vez mais populares entre os não-muçulmanos. Para estas pessoas, o Halal é um sinal de qualidade no qual se pode confiar", diz o presidente do Comitê de Normas Halal da Administração Espiritual dos Muçulmanos da República do Tartaristão, Marat Nizamov. "Os compradores que não seguem as normas do Islã estão dispostos a gastar em produtos halal entre 3 a 5% mais do que na carne comum de vaca ou aves", observa Davleev.

A oferta - Segundo Korneev, a produção russa halal constituiu pelo menos 10% da produção nacional. "Todo grande fabricante de produtos de carne na Rússia tem produtos halal", diz o especialista. Todas as grandes empresas receberam uma certificação específica dada pela comissão especial do Conselho de Muftis da Rússia. No que diz respeito a segmentos específicos do mercado, Korneev estima que cerca de 60% das aves e 40% da carne bovina produzidas na Rússia correspondam às normas halal.

No entanto, nem todos os muçulmanos confiam nas grandes empresas. "Alguns preferem encomendar a carne halal a chácaras ou pequenas empresas familiares - carne de vaca, linguiça de cavalo etc. É precisamente graças aos pequenos produtores que se vende até metade de toda a produção halal na Rússia", sublinha Davleev. "A perspectiva de crescimento dos produtos halal na Rússia aponta para o aumento da produção local", diz Korneev.

Halal vindo de fora - A crescente demanda por produtos halal também não passou despercebida entre os fornecedores estrangeiros. Este nicho de mercado russo já foi ocupado por empresas estrangeiras como a Sadia, do Brasil (marca de propriedade da BRF), a Doux, da França, e outras. Uma das últimas empresas a anunciar a sua entrada no mercado russo foi a líder árabe em produção halal, a Al Islami Foods, de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A empresa está apostando que a popularidade do halal vai aumentar não só entre os muçulmanos, mas também entre os compradores de outras religiões. "Para começar, gostaríamos de ter 1% do mercado russo de produtos de carne. Apenas isso já significará que o número de nossos clientes aumentará em 3 milhões de pessoas. Isso é mais do que os clientes que temos atualmente aqui nos Emirados Árabes", disse o diretor comercial da Al Islami Foods, Aziz Iraki.

Aos novatos nesse mercado, os especialistas afirmam existir chances de preencher nichos ainda vagos. "Por exemplo, o segmento dos queijos e dos derivados de carne não congelada de animais halal ou de embutidos crus ou defumados, tipo sucuk [n.t. tipo de salsicha picante], pastirma [n.t. carne prensada, muito temperada e secada ao ar] etc.", diz Davleev.

As redes de venda a varejo não ficam atrás dos produtores: o número de pontos de venda especializados em produtos halal cresceu nos últimos cinco anos de 25 para 300, segundo calcula Korneev.

*Halal - termo que designa a conformidade com as normas do Islã. Halal pode se referir a alimentos, roupas, joias, cosméticos, lazer, entretenimento e até mesmo tipos de trabalho. No que diz respeito à carne para consumo, esta deve ser preparada segundo uma tecnologia especial que prevê uma série de critérios: relação piedosa para com os animais na hora do abate, abate de animais exclusivamente saudáveis, sem doenças perigosas para os seres humanos, remoção completa do sangue e seguimento das regras de higiene em todas as fases de produção. Não é permitida nenhuma substância inebriante ou entorpecente na carne e nenhum contato desta com produtos derivados do sangue ou da carne de porco.


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