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Quem vai perder com a seca é o produtor rural, diz GV Agro

Estadão Conteúdo

 A forte estiagem em regiões agrícolas do Brasil deve prejudicar mais produtores rurais que os consumidores, na avaliação do ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (GV Agro), Roberto Rodrigues. Em entrevista à Agência Estado, Rodrigues avaliou que a seca pode até se refletir na inflação, com as altas nos preços de alimentos, mas a perda de renda rural trará maior impacto à economia.

– Não acredito em aumento de preço da soja, mas o milho pode subir um pouco e afetará preço de carnes e derivados de leite. Pode haver pequeno reajuste de preços nos produtos, mas quem vai perder com a seca é o produtor rural; o consumidor terá poucos reflexos – afirmou.

Rodrigues avaliou que os impactos da seca à principal cultura brasileira serão menores, graças às chuvas regulares em Mato Grosso, maior estado produtor do grão. Em partes de Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, a estiagem prejudicou as lavouras, mas as chuvas foram suficientes para outras áreas desses Estados.

– No Oeste da Bahia, região de Luiz Eduardo Magalhães, a chuva está péssima pelo terceiro ano seguido – disse.

A maior preocupação para o ex-ministro da Agricultura são as culturas semi-perenes de cana-de-açúcar, laranja e café, cujas maiores regiões produtoras - São Paulo e Minas Gerais - sofrem com uma estiagem generalizada há quase três meses.

– Eu diria que 10% da produção de cana certamente vai quebrar e tem planta que sequer será colhida nessa safra porque não conseguirá se desenvolver. Café e laranja podem ter problemas, mas são produtos com preços tão ruins nos últimos anos que a alta pode dar certa compensação ao produtor. No entanto, o preço melhor virá com produção menor – completou.
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