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Após calote do algodão, EUA contam com perdão do Brasil

Gazeta do Povo

 Enquanto o mundo volta os olhos para a primeira prévia da intenção de plantio dos produtores norte-americanos para a safra 2014/15, as atenções brasileiras concentram-se nos bastidores do Agricultural Outlook Forum 2014, que começou ontem e termina hoje em Arlington, na Virgínia, próximo a Washington DC. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, o economista-chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Joe Glauber, declarou que os EUA não pretendem retomar os pagamentos aos produtores brasileiros de algodão e não temem retaliação do Brasil. “Não há qualquer tipo de discussão acerca da retomada dos pagamentos”, disse.

Em setembro do ano passado, alegando falta de verba devido aos cortes automáticos de gastos do governo, os EUA interromperam os depósitos mensais de cerca de US$ 12 milhões previstos no Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias referente à briga do algodão, compromisso de 2010. A Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu a favor do Brasil em um painel aberto em 2002 para contestar a política norte-americana de subsídios ao algodão.

De acordo com o secretário da Agricultura do EUA, Tom Vilsack, “muitos dos problemas levantados pelo Brasil na OMC foram levados em consideração” na elaboração da nova Farm Bill, a lei agrícola norte-americana. “Não posso afirmar que a questão [do algodão] está resolvida, mas certamente é possível dizer que o governo brasileiro está aberto à negociação para solucionar esse impasse sem a necessidade de levar a questão à OMC através da abertura de um novo painel”, garantiu.

“O Stax [novo programa de apoio criado especialmente para o algodão] é baseado nas cotações de mercado, e não em preços artificialmente inflados, como ocorria no programa anterior”, justificou Glauber. Segundo ele, o Stax é muito mais uma espécie de rede de apoio do que um programa de sustentação de preço. “Se o mercado cair, as garantias e os repasses aos cotonicultores também cairão.” Os repasses é que colocam os produtores brasileiros em desvantagem.

Sem retaliação

O Brasil confirma que não deve retaliar os EUA. Na avaliação de Gilson Pinesso, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a retaliação era a melhor resposta à suspensão dos pagamentos. Entretanto, a entidade aceita a decisão do Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) em instalar um novo de painel de implementação na OMC para avaliar os efeitos da nova Farm Bill, explica.

O dirigente indica que as novas regras já repercutem no mercado. “Depois da nova lei [Farm Bill], a expectativa de área plantada com algodão nos Estados Unidos subiu 12%. Essas alterações vão fazer com que seja muito cômodo produzir no país”, complementa.
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