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Notícias / Economia

Fipe: Alimentação é quase metade do IPC da 2ª prévia de março

Agência Estado

  A alta dos preços de Alimentação respondeu por quase metade da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da segunda quadrissemana de março, de 0,68%. 'A alta (da inflação) foi concentrada em Alimentação', disse o coordenador do IPC, Rafael Costa Lima, em entrevista na manhã desta quarta-feira, 19, para comentar o índice. O grupo, que tem a segunda maior participação dentro do indicador (22,92%), atrás somente de Habitação (30,94%), teve alta de 1,41% e contribuiu com 0,32 ponto porcentual da taxa de 0,68%.

Dentro da classe de despesa, os movimentos de altas ou as quedas menores estão disseminados entre os quatro subgrupos, refletindo principalmente o clima seco que reduz a oferta. 'Só os industrializados continuam com tendência de queda', afirmou Costa Lima.

Mas o destaque absoluto foram os in natura, que passaram de 8,93% na primeira leitura para 10,77% na segunda, a maior alta desde a primeira quadrissemana de setembro de 1994, quando subiram 15,99%, segundo a Fipe. Nesse subgrupo, as maiores pressões vêm dos Legumes, que aceleraram de 17,72% para 22,76%, e dos Tubérculos (1,23% para 12,06%). As Verduras desaceleraram ligeiramente, mas continuam em patamar elevado (22,85% para 19,95%), enquanto Ovos saíram de 6,38% para 8,51%. No sentido contrário, Frutas arrefeceram de 4,24% para 2,85%.

Vale destacar que o tomate segue exercendo o papel de maior vilão da inflação, ao liderar o ranking de aumentos que mais contribuíram para o IPC. Avançou 41,27% na segunda quadrissemana. E a expectativa da Fipe é de continuidade de aceleração, uma vez que nas pesquisas de ponta (semanais) o produto tem alta de impressionantes 88,82%. 'Ainda deve acelerar nas próximas quadrissemanas', disse o coordenador. Com isso, em março, o tomate deve migrar para o terreno positivo no acumulado de 12 meses, zerando a queda acumulada de 25,66% em 12 meses até fevereiro, de acordo com Costa Lima. Na sequência do ranking, aparecem batata (31,66%), etanol (6,04%) e alface (23,41%).

Em Semielaborados (-1,39% para -0,15%), a piora decorreu da reversão da queda das Carnes Bovinas (-0,29% para +0,26%) e dos Cereais (-0,65% para +1,42%) e da redução da queda de Leites (-2,09% para -0,50%). Nos cereais, Costa Lima chamou a atenção para o avanço de 5,84% do Feijão. 'No fechamento de fevereiro, o feijão figurava entre as maiores quedas, mas agora está refletindo o repasse das altas no atacado. Na pesquisa de ponta, já tem aumento de 19,45%, ou seja, ainda tem fôlego para subir mais', disse Costa Lima. Entre os Industrializados (-0,27% para -0,24%), os principais componentes se sustentaram em baixa na segunda quadrissemana - Derivados de Leite caíram 0,18%, Derivados de Carne cederam 1,22% e Panificados tiveram baixa de 0,47%. Alimentação Fora do Domicílio praticamente repetiu o comportamento anterior, ao passar de 0,67% para 0,69%.

De acordo com o coordenador, as altas de in natura, leite, feijão e carne bovina são uma boa medida do espalhamento da inflação dos alimentos. 'Vai além dos in natura. E, como mostram as pesquisas de ponta, vamos ter novos impactos da seca ao longo de março, podendo adentrar abril', afirmou o coordenador, que disse ser difícil arriscar um palpite sobre até quando os alimentos devem continuar subindo.

Nas contas da Fipe, Alimentação, que avançou 1,41% na segunda quadrissemana, deve acelerar para 1,63% na terceira quadrissemana e repetir essa variação no encerramento do mês. Para o IPC, o coordenador elevou sua estimativa anterior de 0,48% no fechamento para 0,62%.
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