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Ampa e Cepea trabalham pela geração de informações que possam nortear cotonicultura em MT

Especial para o Agro Olhar - Thalita Araújo

Um dos bens mais preciosos no contexto da produção agrícola atual é a informação. Quem mais a detém, melhor produz e mais eficiência e rentabilidade atinge. Com a proposta de munir os cotonicultores de Mato Grosso e poder norteá-los em suas decisões, a Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa) desenvolve um trabalho em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).

O projeto, segundo informa a Ampa, consiste em percorrer fazendas de Mato Grosso, coletar diversos dados sobre a produção, compilar estes dados, transformando-os em informação, e repassar ao cotonicultor do Estado, para que ele possa enxergar o cenário com clareza e tomar as melhores decisões.

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"O produtor de algodão lida com muitas variáveis e está sempre em contato com novas tecnologias. Temos que definir o tamanho da área de plantio, a variedade e o sistema de produção a ser adotado a cada safra, entre outras questões que terão reflexos na produtividade e na qualidade de nosso produto. Diante de tantos riscos é fundamental ter acesso a informações precisas e confiáveis para que possamos tomar decisões acerca de nosso negócio", afirma Milton Garbugio, presidente da Ampa.

Além de o resultado dessa parceria servir como base para tomada de decisões, também serve de referência para reivindicações feitas ao governo federal visando à formulação de políticas públicas e podem, inclusive, apontar a necessidade de se buscar uma nova alternativa de tecnologia aplicada ao plantio.

A parceria entre Ampa e Cepea não é recente, já vem sendo desenvolvida desde 2009 e, ao longo de cinco anos de trabalho, a metodologia vem sendo ampliada e melhorada. "Nossa intenção é sempre aprimorar esse trabalho de modo a proporcionar a nossos associados os dados e informações mais relevantes", diz Décio Tocantins, diretor executivo da Ampa.

Nos primeiro anos, a coleta de dados era feita por meio de painéis que reuniam agentes envolvidos na produção e comercialização da fibra em Mato Grosso, tendo como referência uma "fazenda típica", conta o professor e pesquisador Lucilio Alves, coordenador do setor de grãos e fibras do Cepea/Esalq.

Metodologia


A enorme diversidade e complexidade que caracterizam a cotonicultura mato-grossense levaram os responsáveis pelo projeto a adotar um novo modelo de coleta de dados a partir da safra 2012/2013: o estudo de caso. Os pesquisadores do Cepea passaram a visitar fazendas escolhidas (em parceria com a Ampa), onde é feito um minucioso levantamento de dados sobre diferentes sistemas produtivos.

"Na safra passada, foram 15 fazendas analisadas e este ano temos 22 propriedades, que acabaram de ser visitadas por nossos pesquisadores numa primeira fase, cujo objetivo é levantar informações sobre a estrutura da fazenda, o ativo fixo (máquinas, equipamentos, etc) e o custo operacional de cada lavoura cultivada", conta Alves.

De acordo com a Ampa, em setembro os mesmos pesquisadores voltarão a essas fazendas para concluir o levantamento de dados, coletando indicadores sobre as lavouras de soja, milho e algodão. "Nosso objetivo é ter dados de três a quatro fazendas por Núcleo Regional, representativas de diferentes sistemas produtivos", acrescenta o coordenador.

Paralelamente ao trabalho realizado em campo, integrantes da equipe do Cepea fazem o levantamento das cotações dos insumos (fertilizantes, defensivos agrícolas, etc), enquanto outros acompanham a comercialização nos mercados físico e futuro (neste caso em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão - Abrapa).

Depois de coletados, todos esses dados são enquadrados numa metodologia desenvolvida pelo Cepea, já consolidada. Eles são analisados pela equipe do Cepea e vão gerar informações valiosas para a Ampa e seus associados. "Os produtores saberão o custo real de sua atividade, se o seu negócio está sendo viável, se está tento retorno para os altos investimentos necessários à produção de algodão e se a situação permite novos investimentos", explica Alves.

Essas informações são disponibilizadas por meio de gráficos, tabelas e comentários da equipe do Cepea (com coordenação também do professor Geraldo Barros e do pesquisador Mauro Osaki) em informativos periódicos, cuja leitura é restrita a associados da Ampa.

No caso das fazendas envolvidas na pesquisa, seus responsáveis receberão ao final do trabalho uma planilha e um breve descritivo do Cepea em que poderão ver seus custos comparados aos de outras propriedades analisadas em sua região (que não são identificadas por nome).

Alves conta que a equipe de campo, que encerrou os trabalhos da primeira etapa no dia 20 de março, já adiantou que novas tecnologias estão sendo empregadas na safra atual (por exemplo, variedades com tolerância e/ou resistência combinada a lagartas e plantas daninhas).

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