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Diálogo e lançamento de livro destacam o papel da mulher no desenvolvimento territorial

MDA

A participação das mulheres no desenvolvimento territorial ganhou espaço nas discussões do Encontro Nacional da Rede de Colegiados Territoriais (Enrede), que ocorre desde segunda-feira, em Salvador (BA). A mesa de diálogo sobre o tema e o lançamento da publicação Mulheres rurais e autonomia: Formação e articulação para efetivar políticas públicas nos territórios da cidadania reuniu na noite de quarta-feira (21), a diretora de Políticas para as Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Karla Hora; e a secretária de Desenvolvimento Territorial, Andrea Butto (SDT/ MDA).
Salientando a importância da participação feminina nos espaços de debate e articulação, Karla Hora relembrou elementos do II Encontro Nacional dos Comitês de Mulheres, que reuniu 155 representantes de territórios e colegiados O resgate do Encontro, ocorrido de 24 a 26 de março em Brasília, dialoga, segundo a diretora, com a agenda de discussões do Enrede. “Foram dias de debate intenso no qual as mulheres e suas organizações puderam fazer uma reflexão sobre o papel delas, os desafios e a importância da política territorial. Esse evento contribuiu para estimular a participação das mulheres na agenda e aprofundar uma estratégia para que consigam chegar nesses importantes espaços levando suas demandas e receios”, ressaltou a diretora.

As demandas colocadas no conjunto de atividades do Encontro compuseram uma proposta e uma agenda, incorporada parcialmente no Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PNDRSS). “Esse espaço é importante, porque trazemos esse diálogo do que foi a conferência, do que foi esse Encontro e do que está sendo aqui colocado na perspectiva de cada vez mais alargar as ações para as mulheres nos territórios”, acrescentou Karla Hora. De acordo com a diretora, as organizações de mulheres nos estados e a parceria com a sociedade civil contribuirão para essa estratégia.

Andrea Butto destacou a importância de olhar a diversidade territorial para atuação dessas ações de gênero, que integram ainda os esforços para reverter a desigualdade entre homens e mulheres, entre campo e cidade, e entre o agronegócio e a agricultura familiar e camponesa. “Não se faz desenvolvimento sem olhar as desigualdades que existem nas populações em cada um dos territórios. E para fazer desenvolvimento é preciso ter autonomia para as mulheres. As mulheres não são esposas, não são mães. São mulheres e, portanto, sujeito de direito nas mesmas condições que os homens”, definiu.

Autonomia das mulheres nos territórios

Lançada após a mesa de diálogo, a publicação Mulheres rurais e autonomia: Formação e articulação para efetivar políticas públicas nos territórios da cidadania é fruto da parceria entre MDA por meio da DPMR, SDT e Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) com a Sempreviva Organização Feminista (SOF) e Centro Feminista 8 de Março (CF8).

A parceria com essas organizações, no esforço de ampliar e facilitar o acesso das mulheres às políticas de desenvolvimento rural resultou em um projeto composto de atividades de formação, capacitação e articulação que ampliaram a participação e integração das organizações de mulheres nos territórios. “O livro é o resultado do trabalho realizado entre 2008 e 2010 e possibilita ver o quão atual é a discussão, a mobilização e a estratégia feita. Temos uma enorme oportunidade de dar prosseguimento e fortalecer essa agenda”, explicou Andrea Butto, também uma das autoras e organizadoras da obra.

Desafios
Maysa Mourão Miguel, representante da Sempreviva Organização Feminista e também uma das autoras, destacou os desafios e a importância de lançar a publicação dentro do Enrede, ressaltando a intenção de apresentar não apenas resultados da experiência, mas, também, os desafios encontrados, para que os colegiados territoriais possam utilizar o livro como instrumento. “É um espaço importante para dialogar os resultados com quem está nos territórios, vivenciando os desafios”, ressaltou.

As ações do projeto descrito no livro conseguiram alcançar, de 2009 a 2011, mais de 47 mil mulheres em 86 territórios da cidadania. “São experiências como essa que queremos cada vez mais estimular, trazer e ampliar para que as mulheres possam não apenas acessar as políticas públicas, mas que elas contribuam para a superação da desigualdade de gênero propondo o acesso das mulheres à cidadania e ao desenvolvimento rural sustentável e solidário”, concluiu Karla Hora

O livro foi organizado também por Conceição Dantas, Karla Hora, Miriam Nobre e Nalu Farias, e contou ainda com textos de Elisângela Costa Bezerra e Maysa Mourão Miguel.

Com a perspectiva dos colegiados territoriais, também participaram do evento Jaqueline Barros, representando o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste; Odete Maria Ferronato, do Movimento das Mulheres Campesinas; além das integrantes da Rede Nacional de Colegiados Territoriais Márcia Dornelles, Denise Padovan, Roseli Pittner e Hilza Arpos.
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