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Notícias / Agronegócio

Lestrimelitta limão, a praga que ajuda a regular a população nativa de abelhas

SEBRAE

 A abelha Lestrimelitta Limão, também conhecida como Iratim, Iraxim, Arancim, Aratim, Canudo, Sete-portas, Limão, Limão-canudo, é uma espécie de parasita socialmente bem evoluída, que constrói seu próprio ninho com o material roubado de outros ninhos de linhagens afins. Elas também atacam em grande número o abrigo das outras abelhas e pegam o mel, pólen e cera necessários para levantar a sua própria ‘morada’.

Mesmo sendo uma espécie de ‘praga’, o recomendável, segundo técnicos e pesquisadores, é não eliminá-las. Uma das características positivas da Lestrimelitta Limão é que enquanto saqueiam as espécies produtoras, o que pode durar dias, elas acabam defendendo o ninho conquistado contra pilhagens ou parasitas secundários.

O gerente estadual de apicultura e meliponicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), Ivanir Cella, sugere no relatório do Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae que não se extermine as Lestrimelitta Limão pois elas acabam regulando a população de abelhas nativas na região. “Nos ataques, normalmente as perdas são, em média, de 10% das colmeias. Mas na natureza isso tem lá sua importância, pois as famílias fracas são eliminadas, ocorrendo uma seleção natural que contribui para o melhoramento genético das abelhas nativas”, explica Cella.

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) apontou que, embora muitos ninhos sejam atacados por L. limão, poucos foram destruídos, o que indica que estas abelhas não são prejudiciais e que a densidade de seus ninhos está em equilíbrio com a população de outras abelhas. Ninhos naturais saqueados não são destruídos no primeiro ataque. Mas se não se recuperarem e forem atacados novamente, se extinguem. As Lestrimelittas L. pouco contribuem para a produção, pois não possuem hábito de coletar pólen e néctar em plantas. Além disso, o mel que produzem é tóxico para consumo humano devido as secreções de suas glândulas mandibulares.

Como se prevenir de ataques:

- Enxames de abelhas nativas fortes e bem populosos suportam o ataque das abelhas limão e se recuperam, mesmo com a redução populacional durante a pilhagem;

- Não instale colônias de abelhas limão a menos de três quilômetros de distância do meliponário

- Transfira ninhos localizados nas proximidades para outras áreas, respeitando a legislação ambiental RESOLUÇÃO CONAMA nº 346, de 16 de agosto de 2004.

- As melíponas são menos atacadas que as trigonas, porém, em caso de ataque recomenda-se fechar a entrada esmagando o pito ou com cerume;

- Manter espalhadas no meliponário famílias defensivas, como as Scaptotrigonas (Mandaguari ou Canudo), para desestimular o ataque das abelhas limão.

Ações recomendadas pelo Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae:

• Mantenha colônias populosas e bem manejadas. O SIS publicou relatório sobre meliponicultura que orienta nesta prática;

• Faça levantamento das espécies de abelhas resistentes à abelha limão, presentes na região onde irá implantar o meliponário;

• Busque informações sobre biologia e manejo de meliponíneos nas empresas de pesquisa e extensão rural como: Epagri em Santa Catarina, unidades da Embrapa Amazônia Oriental e Embrapa Meio Norte;

• Participe de grupos de meliponicultores para troca de experiências. Uma dica é participar do grupo de discussão do Movimento Abelhas Nativas (ABENA).
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