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Apesar de sinais positivos, crise continua e Brasil ainda não chegou ao “fundo do poço”, dizem economistas

R7

 A arrecadação do governo teve leve alta em março, o dólar voltou a ficar abaixo de R$ 3 em abril e o índice de atividade econômica do País teve leve melhora em fevereiro. Mas será que esses dados são suficientes para indicar que o pior da crise já passou?

Especialistas ouvidos pela reportagem do R7 acreditam que não. Além deles, outros dados da economia também apontam para resultados ruins em sequência antes de uma melhora consistente.

De acordo com Reginaldo Nogueira, professor de economia do Ibmec, a crise continua, o ano de 2015 ainda será muito ruim e o Brasil só chegará ao “fundo do poço” no segundo semestre deste ano.

— A recuperação da economia só deve acontecer em 2016.

Na última terça-feira (28), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o desemprego subiu e teve o pior resultado em três anos. O País tinha, em março, um total de 1,5 milhão de pessoas sem trabalho.

Para Nogueira, a taxa de desemprego deve se estabilizar no ano que vem, mas só deve melhorar de verdade em 2017.

O coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da EESP-FGV (Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas), Emerson Marçal, concorda com Nogueira em relação à piora da economia antes de começar a melhorar. Segundo ele, o emprego e a renda ainda terão mais resultados negativos ao longo deste ano.

— Ainda não chegamos ao ponto em que começará a ter melhoras. A inflação vai continuar alta e não há um prazo exato para que se encaminhe para o centro da meta [que é de 4,5% ao ano com margem de dois pontos para cima ou para baixo].

Para Marçal, a arrecadação do governo está “andando de lado” e ainda é preciso ver como ficará a aprovação política do ajuste fiscal no Congresso Nacional.

— Além do ajuste fiscal, é preciso ter reformas de longo prazo para que a inflação caia mais, a renda do trabalhador melhore e, com maior consumo, ocorra o crescimento econômico.

Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todas as riquezas produzidas pelo País — ambos acreditam que este ano será perdido. O mercado financeiro espera uma queda de 1,1%, de acordo com a mais recente pesquisa feita pelo BC (Banco Central).

Cenário externo

O câmbio, que tem melhorado nas últimas semanas, é um ponto que ainda está no radar dos especialistas. Ambos concordam que ainda há incertezas externas que podem afetar a economia do Brasil.

Marçal afirma que assim que a economia dos EUA melhorar e acontecer o aumento da taxa de juros por lá, o efeito será imediato no dólar aqui.

— O valor da moeda americana vai subir mais, quando isso acontecer.

A boa notícia, segundo Nogueira, é que o cenário que se desenha é o de que essa alta nos juros americanos só deve acontecer no ano que vem.

— A perspectiva mais catastrófica não aconteceu. O que é benéfico para o Brasil. Além disso, o mercado deu um voto de confiança para as medidas do ministro [da Fazenda] Joaquim Levy e está esperando os resultados do ajuste econômico.
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