Imprimir

Notícias / Economia

Grécia entra com pedido formal de empréstimo para zona do euro

G1

 A Grécia entrou com um pedido formal de um empréstimo de resgate junto ao fundo de suporte especial da zona do euro, disse nesta quarta-feira o porta-voz do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês).

O grupo de ministros das Finanças da zona do euro vai avaliar o pedido, que é formalmente direcionado a seu presidente, Jeroen Dijsselbloem, em uma teleconferência nesta quarta-feira (8).

"O ESM recebeu o pedido grego, que será negociado com o EWG [Euro Working Group] hoje", afirmou o porta-voz, Michel Reijns, em mensagem publicada no Twitter.

Carta

Na carta, assinada pelo ministro das Finanças, a Grécia solicita ajuda, em valor não especificado, por três anos, e se compromete a realizar "reformas e medidas amplas a serem implementadas nas áres de sustentabilidade fiscal, e crescimento de longo prazo".

"Nós propomos implementar imediatamente um conjunto de medidas, a partir da próxima semana, incluindo medidas relacionadas a reforma tributária e meidas relacionadas a pensões", diz o texto.

O empréstimo, segundo a carta, será usado "para cumprir as obrigações da dívida da Grécia e garantir a estabilidade do sistema financeiro".

O governo grego aponta ainda que irá incluir ações adicionais para fortalecer e modernizar sua economia.
"O governo grego vai, no máximo em 9 de julho, apresentar em detalhes suas propostas para uma agenda de reformas ampla e específica para avaliação das três instituições [BC europeu, FMI e Comissão Europeia) para ser apresentada ao Eurogrupo".

"A Grécia está comprometida a honrar suas obrigações financeiras com todos os seus credores totalmente e no prazo. Nós confiamos que os Estados Membros irão apreciar com urgência nosso pedido de empréstimo, dada a fragilidade do nosso sistema bancário, a baixa liquidez disponível, nossas obrigações vindouras, os atrasos em nossas obrigações internas e o nosso expresso desejo de pagar nossas dívidas em atraso com o FMI e o Banco da Grécia".

"Nós reiteramos o compromisso da Grécia de permanecer membro da zona do euro e a respeitar as regras e regulamentos como Estado-membro", conclui o texto.

Luz no fim do túnel

Na manhã desta quarta-feira, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse que o país precisa de um acordo "que permita ver a luz no fim do túnel", com reformas críveis, mas que ao mesmo tempo "redistribuam o fardo aos que podem assumi-la".

Em um discurso na Eurocâmara, onde foi recebido com aplausos e vaias nas distintas bancadas do plenário, Tsipras afirmou que a Grécia "foi um laboratório de testes da austeridade que fracassou".

O primeiro-ministro destacou que a situação "sem saída" do país não se deve aos cinco meses em que está no cargo, mas sim aos "cinco anos de resgates que condenaram a economia grega".

"É preciso deixar de fazer como foi feito até agora, com o peso recaindo sobre os ombros do povo", acrescentou Tsipras, destacando que a carga das reformas deve recair em quem pode assumi-las.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, garantiu que vai apresentar propostas de reformas nesta semana para garantir um acordo de resgate que possa manter a Grécia na zona do euro.

Fim do prazo
A Grécia tem até o final da semana para chegar a um acordo com os europeus para conseguir ajuda financeira, afirmou na véspera o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, após reunião dos lideres da zona do euro em Bruxelas.

"Até agora tenho evitado falar em prazos finais. Mas hoje tenho que dizer alto e claro, que o prazo final termina esta semana. Todos temos responsabilidade pela crise e responsabilidade de resolvê-la", afirmou.

"Queremos consenso sem perdedores ou ganhadores", afirmou Tusk. "Se isso não acontecer, significará o fim das negociações, com todas as possíveis consequências, incluindo o pior cenário, em que todos perderemos". "Não tenho dúvidas de que esse é o momento mais crítico da nossa história, da União Europeia e da zona do euro."

Com o prolongamento da crise na Europa, o EFSF foi substituído pelo Mecanismo de Estabilização Europeia (ESM, na sigla em inglês), que é permanente e o único canal para novas ajudas das instituições europeias a países em crise. Por isso o novo pedido grego de ajuda foi direcionado para o ESM.

No domingo (5), os gregos foram às urnas e disseram "não" às duras condições impostas pelos europeus, em um referendo convocado por Alexis Tsipras, que acredita que o resultado dá mais força à Grécia nas negociações de ajuda. Sem um acordo, o país pode acabar deixando a zona do euro.

RESUMO DO CASO

- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho
- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não"
- Os líderes europeus se reuniram esta semana para discutir a situação grega e deram um ‘ultimato’ ao governo grego, exigindo uma proposta até dia 9 de julho
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
Situação crítica
Nesta terça, o presidente do Conselho Europeu afirmou que a inabilidade de chegar a um acordo "pode resultar na quebra da Grécia e na insolvência do sistema bancário grego, e isso será o mais penoso para o povo grego". "Não tenho dúvida de que isso vai afetar toda a Europa, também no senso geopolítico. Se alguém tem alguma ilusão de que não será assim, é ingênuo".
"A situação é muito crítica e infelizmente não podemos excluir esse cenário negro. Sem acordo até domingo. E isso significa que precisamos discutir as consequencias para toda a União Europeia, não apenas para a zona do euro. Também é importante discutir possível ajuda humanitária pra a Grécia se for necessário".
Imprimir