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Premiê grego apela a parlamentares que apoiem plano em troca de ajuda

G1

 O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fez um apelo aos parlamentares de seu partido Syriza nesta sexta-feira (10) para apoiarem o plano fiscal em troca de ajuda dos credores, disse uma autoridade do governo, em uma tentativa de última hora para evitar o colapso financeiro.

"Estamos sendo confrontados com decisões cruciais", disse Tsipras a parlamentares segundo uma autoridade do governo. "Nós temos um mandato para conseguir um acordo melhor do que o ultimato que o Eurogrupo nos deu, mas certamente não um mandato para tirar a Grécia da zona do euro."

Faltando poucas horas para o fim do prazo determinado pela Comissão Europeia, o governo grego entregou, nesta quinta-feira (9), as propostas detalhadas de reforma para receber ajuda financeira dos europeus. A confirmação foi feita pelo porta-voz da presidência do Eurogrupo (reunião de ministros das Finanças da zona do euro), Michel Reijns, pelo Twitter.

O documento ainda terá que ser aprovado pelo parlamento grego, o que deve acontecer na sexta-feira.

As propostas

O conteúdo da proposta ainda não foi divulgado oficialmente. De acordo com a Reuters, no entanto, o governo grego pede € 53,5 bilhões de euros para cumprir obrigações até o final de junho de 2018. Em contrapartida, se comprometeu a cumprir uma meta de superávit primário de 1% este ano, e de 2% em 2016. Os impostos sobre restaurantes seriam elevados para 13%, enquanto hotéis teriam alíquota de 13%.

A proposta prevê ainda elevação dos impostos para empresas; fim dos benefícios tarifários para as ilhas até o final de 2016; fim de alguns benefícios previdenciários até o fim de 2019; alta de impostos para empresas de transportes marítimos; e criação de uma tarifação sobre a publicidade na televisão. Além disso, o texto prevê, ainda de acordo com a Reuters, o corte de € 300 milhões nos gastos militares até o final do próximo ano.

Datas para privatização dos portos gregos deverão ser anunciadas ainda em outubro deste ano. A proposta também prevê que a privatização de aeroportos será facilitada.

Avaliação

Uma reunião do Eurogrupo está marcada para sábado, a partir das 10h, para discutir as propostas apresentadas. Separadamente, a reunião dos líderes da zona do euro vai começar no domingo às 11h e depois ocorrerá encontro do Conselho Europeu, com 28 líderes do bloco, informou a União Europeia.

Pedido de ajuda
Na quarta-feira, os gregos entregaram uma carta com um pedido formal para um empréstimo de resgate ao Mecanismo Europeu de Estabilização (ESM, na sigla em inglês), órgão responsável por fornecer ajuda financeira aos membros do bloco.
Na carta, assinada pelo ministro das Finanças da Grécia, Euclidis Tsakalotos, o país solicita ajuda, em valor não especificado, por três anos, e se compromete a realizar "reformas e medidas amplas a serem implementadas nas áres de sustentabilidade fiscal, e crescimento de longo prazo".

Em troca, se compromete a "implementar imediatamente um conjunto de medidas, a partir da próxima semana, incluindo medidas relacionadas a reforma tributária e medidas relacionadas a pensões".

O detalhamento dessas medidas é o que consta da proposta entregue nesta quinta-feira.

Propostas realistas

Mais cedo, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que os credores da Grécia devem fazer propostas "realistas" sobre a grande dívida pública que Atenas deseja incluir na mesa de negociação, a poucos dias do fim do prazo para que o governo apresente propostas de ajustes e reformas.

"As propostas realistas da Grécia devem ser acompanhadas de propostas realistas dos credores sobre a sustentabilidade da dívida", disse Tusk em uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel. “Então teremos uma situação de ganha-ganha”, disse.

Tusk disse que conversou por telefone nesta quinta-feira com o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, e pediu a ele urgência na entrega do plano de reformas “completo”.

Correria
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, esteve reunido durante toda a quinta-feira para finalizar o pacote rigoroso com aumento de impostos e reformas nas pensões para que a Grécia consiga a ajuda necessária de credores para evitar uma saída da zona do euro.

Tsipras estava junto de assessores, finalizando um pacote de reformas que é esperado com medidas mais duras do que as incluídas no plano prévio dos credores, rejeitado pelos gregos em um referendo no domingo.

Após receber amplo apoio popular no referendo e do subsequente apoio de partidos da oposição, o premiê deve ter um momento mais fácil enfrentando qualquer resistência em casa, permitindo que se concentre em apaziguar os credores.
O jornal grego Kathimerini relatou que o pacote custava 12 bilhões de euros, maior do que o plano prévio de 8 bilhões de euros, já que a economia - golpeada por duas semanas de controles de capitais - deve ter retração de 3 por cento, em vez de crescer 0,5 por cento neste ano.

Uma autoridade do governo, falando sob condição de anonimato, contestou os números relatados pelo Kathimerini, dizendo que o pacote ainda estava em processo de elaboração.

A oferta deve ser o bastante para satisfazer os credores céticos, mas pode enfrentar resistência da ala de extrema esquerda do partido Syriza, de Tsipras, e dos Gregos Independentes, após o governo fazer campanha e ganhar um "não" para maior austeridade no referendo em 5 de julho.
Programa expirado
No último dia 30, expirou o programa de ajuda à Grécia, existente desde 2012 e firmado por meio de um mecanismo criado pelos europeus para ser temporário, conhecido como EFSF. A Grécia ainda tinha € 1,8 bilhão a receber por meio desse mecanismo, mas o governo recusou as condições de austeridade impostas, que incluíam aumento de impostos e cortes nas aposentadorias.

RESUMO DO CASO

- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.

- Essa dívida foi financiada por empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do resto da Europa.
- Em 30 de junho, venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. Então, o país entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na sua saída da zona do euro. Essa saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da zona do euro.

- Como a crise ficou mais grave, os bancos estão fechados para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia depende de recursos da Europa para manter sua economia funcionando. Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e aumente impostos para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu em 30 de junho

- Em 5 de julho, os gregos foram às urnas para decidir se concordam com as condições europeias para o empréstimo, e decidiram pelo "não"

- Os líderes europeus se reuniram esta semana para discutir a situação grega e deram um ‘ultimato’ ao governo grego, exigindo uma proposta até dia 9 de julho

- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na zona do euro. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.

- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.
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