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Notícias / Economia

Vendas no comércio chegam a cair 90% com greve dos bancários em Cuiabá

Especial para o Agro Olhar - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Os comerciantes em Cuiabá se queixam que as vendas despencaram até 90% com a paralisação dos bancários há 21 dias. A falta de cédulas fornecidas nos caixas eletrônicos e os limites estabelecidos para saque diário e pagamento seriam os grandes vilões. A solução para muitos tem sido apelar para promoções e o uso do cartão de crédito.

Ultimamente quem anda pelos calçadões, no Centro da cidade, tem a impressão de que tudo parou. Lojas vazias, vendedores impacientes, clientes de cabeça baixa. Esse é um cenário que já completa 21 dias nesta segunda-feira, 26, desde quando foi deflagrada a greve dos bancários em todo país no dia 06 de outubro. O raciocínio é simples: onde há limitação nos serviços há um cidadão com medo se conseguirá ou não pagar as contas no fim do mês. Começam a economizar. O que diminui o fluxo de dinheiro nas ruas. E com o cliente de mãos fechadas, quem sai prejudicado é comerciante varejista. De computadores ao suco de laranja, a ordem é frear os gastos.

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Como é o caso de Kelly Sendy Andrade Mattos, gerente de uma tradicional loja de roupas femininas ao lado de dois bancos no Centro da cidade. “A queda nas vendas para nós foi muito grande, algo em torno de 40%. Hoje tenho sete vendedoras paradas na loja”, lamenta. E o pior. “Nem promoção resolve, porque não tem nem gente andando no Centro da cidade”. Olhando para a loja, ela analisa. “Você vê que nesse momento só tem um cliente aqui. É de ficar desesperado”. Para ela, o motivo nessa retração tem sido a falta de papel moeda em circulação. “As pessoas tem vindo tentar conseguir dinheiro com cartão. Pedem pra fazer uma compra de R$ 100,00 passando R$ 115,00 no cartão para devolver R$ 15,00 de troco. Chegou a esse ponto”.

Para o setor de eletrônicos, cujos produtos têm preços mais elevados, os números são ainda piores. Antônio Boeno de Nascimento, proprietário de comércio no Centro de Cuiabá, diz que as vendas caíram em torno de 70%. “Com essa greve tá muito difícil para nós. Porque a maioria de nossos clientes sai dos bancos e já param aqui pra comprar alguma coisa. Agora não. Os clientes sumiram”. Ele percebe ainda que a forma de pagamento nessas ultimas semanas mudou. Clientes que preferiam antes pagar a vista estão preferindo usar cartão de credito, temendo necessidade de cédulas no dia seguinte. Ao lado de Antônio, trabalha Elito Alves dos Santos, proprietário de um comércio de celular, que sofre ainda mais. Para ele, as vendas caíram drásticos 90%. “Esperamos que com o fim da greve as coisas melhores, se não vai ficar difícil”, avalia.

Mas não só o setor de eletrônicos e celulares tem percebido a queda nas vendas, a paralisação dos bancos tem afetado inclusive a venda de produtos de baixo custo, como suco de laranja. Ana Lucia de Abreu é vendedora de sucos ao lado de dois bancos no centro da capital. Para ela, também não está sendo fácil. “As vendas caíram em torno de 80%. As ruas estão vazias e pior, tá caindo cada vez mais”, afirma. Como seu produto não é vendido em cartão de crédito, a situação piora. “A greve tem nos afetado bastante. As pessoas chegam perguntando se usamos cartão, e não. Ninguém tá querendo soltar dinheiro”, avalia. Enquanto olha para o banco, Ana Lucia vê uma solução. “A greve acabar, só aí que tudo vai voltar ao normal”.
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