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Notícias / Economia

Produção de veículos no país desaba 22,8% em 2015; Anfavea prevê ajuda do câmbio em 2016

Alberto Alerigi Jr./Reuters

A indústria brasileira de veículos selou em dezembro a volta da atividade do setor em 2015 para o menor nível em nove anos, mas previu que a desvalorização do câmbio a torne mais competitiva, evitando uma terceira queda anual consecutiva.

Segundo a associação das montadoras, Anfavea, o setor teve queda de 18,4 por cento na produção em dezembro ante novembro, a 142,9 mil unidades. No comparativo com o mesmo mês de 2014, o recuo foi de 30 por cento, acumulando em 2015 baixa de 22,8 por cento, a 2,43 milhões de unidades.

"As questões políticas influenciaram em demasia os índices de confiança e acabaram contaminando a economia de maneira muito forte", disse a jornalistas o presidente da Anfavea, Luiz Moan. "O maior exemplo disso é que apesar da safra recorde, as vendas de máquinas agrícolas caíram 35 por cento em 2015".

Corroborando o que anunciara na véspera a Fenabrave, associação dos distribuidores de veículos, a Anfavea informou que as vendas de veículos novos em dezembro subiram 16,7 por cento sobre novembro. No entanto, as 227,8 mil unidades vendidas foram 38,4 por cento menores do que no último mês de 2014. E no acumulado do ano, os licenciamentos recuaram 26,6 por cento, a 2,57 milhões de veículos.

Pelo menos para a produção, a expectativa da Anfavea é de que o real mais depreciado faça o setor ter uma alta de 7,6 por cento nos valores exportados em 2016, assim como ganho relativo de mercado em relação aos importados no Brasil. Com isso, espera leve alta de 0,5 por cento na produção, o que viria após dois anos seguidos no vermelho.

As exportações do setor em 2015, incluindo máquinas agrícolas, caíram 8,7 por cento, a 10,5 bilhões de dólares.

A participação dos importados nas vendas internas em 2015 foi de 16 por cento, menor nível desde pelo menos 2012. Para 2016, a expectativa é de queda para 15 por cento.

Para as vendas domésticas somente, contudo, a Anfavea previu que 2016 marcará o quarto recuo anual consecutivo de declínio, desta vez de 7,5 por cento. Isso mesmo após o resultado de dezembro ter oficializado a volta das vendas ao piso desde 2007.

"Pedi para o pessoal (técnicos da Anfavea) ser mais conservador nas projeções, com isso, os números são baseados nos números do terceiro trimestre, quando a média diária de vendas de veículos leves foi de 9.425 unidades", justificou Moan.

E, diferente da Fenabrave, a Anfavea descartou para breve a aprovação pelo governo federal de um programa de renovação da frota. Na véspera, a representante das revendedoras de veículos previu que o pacote saia ainda neste mês.

O plano, visto pela indústria como forma de estimular as vendas, poderia dar um alento para o setor que vem colecionando números negativos recordes num país que se encaminha em 2016 para o segundo ano seguido em recessão.

Depois de anos tendo o ritmo de atividade mantido em parte por incentivos fiscais e farto financiamento, a indústria vem se retraindo velozmente, o que entre outros fatores tem causado aumento das demissões.

Segundo a Anfavea, o setor automotivo do país fechou 2015 com 129,77 mil postos de trabalho ocupados, um encolhimento de 10,2 por cento sobre um ano antes.
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