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Mais vantajoso que cartões, Bitcoin é aceito em apenas duas empresas de MT; saiba quais

Da Redação - André Garcia Santana

Com mais de 11 mil estabelecimentos em destaque no mapa interativo Coinmap, Estados Unidos e Europa concentram hoje o maior número de lojas onde é possível comprar com criptomoedas.  Os produtos variam de lanches do Subway a um carro Tesla Model S (vendido aqui por quase R$ 800 mil), passando por aplicativos. No Brasil, o mercado, ainda incipiente, dá seus sinais mais promissores nas regiões Sul e Sudeste. Apesar de apresentar vantagens em relação ao cartão de crédito, em Mato Grosso apenas duas empresas realizam esse tipo de transação: A Fone Fácil, em Alta Floresta (800 km de Cuiabá) e a Wrapz, em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá).

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A lanchonete existe desde 2014 e aderiu à modalidade de pagamento em setembro de 2017. Embora ainda não registre nem 1% de operações do tipo ao mês, deve manter a oferta, mirando principalmente nas vantagens sobre os cartões de débito e crédito. Em comparação, o valor das taxas das operadoras, que varia entre R$ 2,5 e R$ 3,8, respectivamente, pode ser reduzido drasticamente, a depender da moeda adotada. “Por um pagamento de R$ 130 já cheguei a pagar R$ 0,6 de tarifa. Mais viável que isso, só o dinheiro de papel mesmo”, diz o dono do empreendimento, Rodrigo Sobral.
Estabelecimentos no Brasil e em Mato Grosso, de acordo com o Coinmap.

Otimista, ele explica que a cobrança depende da popularidade da moeda utilizada. O Bitcoin, por exemplo, que passou pelo seu auge e experimentou uma sequencia de aumentos e quedas nos últimos meses, apresenta tarifa um pouco mais alta. “É como se fosse à tarifa dinâmica do Uber, depende da oferta e demanda dos usuários Em casos como o do bitcoin a rede também acaba se tornando mais lenta por ter mais gente utilizando, problema que já foi resolvido por outras moedas, como a LiteCoin”, contou ao Agro Olhar.
 
Seu público detentor das moedas virtuais, ainda reduzido, apresenta o mesmo perfil. Quase todos já conheciam ou possuiam o dinheiro há alguns anos, antes do boom no mercado e mídia. É o caso do próprio Rodrigo, que antes de apostar na Wrapz trabalhava com tecnologia e conhece o dinheiro virtual desde 2013. “Por enquanto realizamos poucos pagamentos online, uma média de seis ou oito por mês, mas acretio que a tendência é aumentar."

As criptomoedas contudo, existem desde 2009, segundo o economista do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Niepe) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ernani Lúcio Pinto de Souza. “De modo geral, diz-se que o volume dos bitcoins emitidos está relacionado a uma grande mina de minérios por um determinando período de tempo, o que, supostamente, será seu lastro e o indicador inflacionário.” Assim, a sobrevivência da transação se dará pela garantia real de retorno, confiabilidade e aceitação pelo mercado. 
A Wrapz foi criada em 2014 e deve expandir a marca em 2018. Reprodução/Facebook.
Com relação à rentabilidade do investimento, o economista destaca a lógica do mercado para fazer entender melhor a operação. Deste modo fica claro que é financeiramente mais inteligente investir num ativo que tende a se valorizar no futuro, ao invés de um ativo que já está em alta, como é o caso do Bitcoin agora. É este raciocínio que justifica a grande lucratividade para quem investiu no dinheiro virtual entre no fim da última década e 2016, mantendo suas moedas até hoje. Isso não quer dizer, necessariamente que a moeda vá continuar subindo.

Mesmo diante das ressalvas, as operações fazem parte dos planos de expansão da lanchonete de Rodrigo, especializada em wraps e sucos naturais. “Temos um projeto piloto e algumas ideias para expandir e com certeza vamos continuar com as transações. Mesmo o volume sendo baixo, não atrapalha em nada. Além disso, acredito que essa tendência ainda vai muito longe, por seu poder de transacionar sem fronteiras, sem intermédio dos bancos ou governos”, avalia.

A reportagem tentou contato com os números da Fone Fácil disponibilizados no site da empresa, mas não obteve êxito.

Sobre as criptomoedas

Diferente do que ocorre com o dinheiro comum, controlado pelos Bancos Centrais, as transações com estas moedas ocorrem virtualmente desde 2009, quando surgiu. De acordo com Ernani, o processo virtual de concepção da moeda baseia-se em sistemas computadorizados chamados de blockchain, um grande banco de dados que registra todas as transações feitas no mundo. “O processo tem suporte de grandes redes de computadores e o ambiente criptografado garante sua segurança.”
 
O economista Ernani Lúcio Pinto de Souza.
Assim, para obtê-la, pessoas físicas ou jurídicas precisam criar uma carteira virtual por meio de um software instalado no computador ou celular. O dinheiro fica armazenado ali e gera em uma corretora virtual um arquivo com esse registro. O futuro investidor receberá então um código para efetuar as transações de compra e venda. Diante dos já mencionados riscos, há situações que tornam a possibilidade de prejuízo ainda maior, já que muitos investidores tem apostado em empréstimos para adquirir as moedas.

Para Ernani é importante considerar que, por não ser regulado, esse mercado já oferece por si só grande risco e possibilita esse tipo de ação. Contudo, todo produto novo provoca reação dos concorrentes estabelecidos, como bancos e Estado. “Ainda mais com as características do bitcoin, volátil, intangível e instável. Por isso, como tempo, é fundamental avaliar se estamos lidando com uma moeda que cumpre suas funções típicas (meio de troca universal, pagamento e reserva de valor) ou com uma commodity monetária como opção no mercado acionário.”
Estados Unidos e Europa concentram mais 11 mil estabelecimentos que aceitam pagamento em criptomoedas. 
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