Imprimir

Notícias / Agronegócio

Engenheiros desmistificam relação entre preservação ambiental e agricultura a alunos em evento

Da Redação - Vinicius Mendes

Os engenheiros agrônomos Luiz Américo Rodrigues e Cid Ricardo dos Reis compartilharam um pouco de seus conhecimentos com os estudantes e professores que participaram do Agroday, na última sexta-feira (13). Ele desmistificaram a relação entre a produção agrícola e a preservação ambiental, afirmando que os produtores sérios buscam a preservação porque dependem da terra. Eles acreditam que há muita desinformação na mídia sobre a realidade da preservação ambiental em propriedades rurais.
 
Leia mais:
Instituto realiza ação e leva mais de 100 alunos e professores à fazenda para viver dia do agro
 
O Instituto Farmun realizou na última sexta-feira (13) o primeiro Agroday, na Fazenda Filadélfia, em Campo Verde (a 140 km de Cuiabá). Participaram da ação cerca de 150 pessoas, entre alunos e professores de cinco escolas, além de convidados. O intuito foi proporcionar a vivência na fazenda durante um dia.
 
Na ocasião os participantes tiveram a oportunidade de participar de passeios nas instalações da fazenda e de palestras com especialistas. Um dos temas abordados durante o dia foi o ciclo da agricultura, que também falou sobre a relação entre a produção agrícola e a preservação ambiental.
 
O engenheiro agrônomo Cid Ricardo dos Reis explicou que, apesar de não ser possível fazer agricultura sem tirar vegetação nativa, estão sendo estudadas maneiras de se produzir mais utilizando a mesma quantidade de terra que se já se usa. Ele ainda afirmou que a proporção de terras utilizadas para o agronegócio é menor do que muitos acreditam.
 
“Ás vezes há uma desproporção quando se fala em exploração. Dos 90 milhões de hectares que tem Mato Grosso, nós ocupamos com agricultura 10,75 milhões, em regiões que já foram abertas ao longo dos anos, principalmente no bioma cerrado, na parte da Amazônia é pouca coisa. As áreas de preservação são grandes, nos parques e reservas, felizmente”, disse Cid.
 
Já o engenheiro agrônomo Luiz Américo Rodrigues citou que Mato Grosso, um estado que nasceu agrícola, possui um clima, quantidade de terra e relevo favoráveis, trazendo um grande potencial produtivo. Para se ter uma ideia, em decorrência destes fatores, em Mato Grosso são produzidas duas safras por ano, enquanto em países mais ao norte realizam apenas uma. O desafio, ele afirma, é produzir com preservação, mas avalia que neste quesito o Brasil está à frente dos outros países.
 
“Produzir com respeito ambiental é o grande lema de quem está no agro hoje. Apesar do que deparamos na grande mídia nacional, o Brasil possui hoje a melhor política de preservação ambiental do mundo. Nós temos uma política ambiental de preservação por bioma, e Mato Grosso possui três, a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado. Porém, ainda há uma interpretação errônea sobre certas coisas”.
 
Cid explicou que 41% das áreas de preservação em Mato Grosso hoje, são preservadas pelos produtores, dentro das obrigações legais. A Lei determina que, na Amazônia, o produtor pode explorar 20% de sua propriedade e preservar 80%, enquanto no Cerrado pode explorar 65% e deve preservar 35%. Já no Pantanal a produção é mais focada na pecuária, que já há muitos anos acontece de uma maneira harmoniosa.
 
Ele afirmou que o Brasil ainda precisa avançar muito nas políticas de conservação, com verba e estruturas mais avançadas para o combate a incêndios por exemplo, e afirmou que os produtores sabem da importância da preservação das Área de Preservação Permanente (APP), que podem acabar proporcionando um avanço na produção.
 
“É uma riqueza muito grande, os produtores do agronegócio tem se preocupado muito em preservar as matas ciliares por causa da água. No momento Mato Grosso explora ainda pouco a irrigação, por questões econômicas até, mas temos uma possibilidade, dentro da capacidade de aumentar a produção sem mexer em mais nada, que é a irrigação. Então preservar as águas é preservar um futuro de possibilidades de irrigação”, disse.
 
Luiz Américo defendeu que os produtores sérios sabem da importância da preservação ambiental e afirma que há muita desinformação na mídia sobre o assunto. Ele reconhece que existem os maus produtores, mas que os próprios produtores sérios são contra eles.
 
“O que a gente vê todo dia passando na mídia, o que a gente vê passando todo dia na televisão, o que a gente vê que se prega é que o agro queima. Quem é do agro não faz isso. O agro não faz isso. O produtor precisa da terra para se sustentar, para viver. [...] Construir uma lavoura, construir uma agricultura vai muitos anos. Quando isso acontece, o prejuízo que o produtor tem é muito grande porque ele jamais abandona a terra dele”.
 
“A atividade do produtor rural é nobre. O agro, como ele é, o agro como nós queremos é esse. É o agro que alimenta, preserva, consorcia floresta com produção, floresta com pecuária, e o agro que refloresta onde alguém danificou. Esse é o agro que nós queremos, que respeita a natureza”.
Imprimir