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Notícias / Economia

Café e serviços travam a economia mineira

Estado de Minas

Os baixos preços do café e o desempenho negativo das empresas prestadoras de serviços foram decisivos para a estagnação da economia mineira no terceiro trimestre, frente ao período de abril a junho, segundo relatório publicado ontem pela Fundação João Pinheiro. Diferentemente do Produto Interno Bruto do Brasil –o PIB é o conjunto da produção de bens e serviços – que apresentou avanço, ainda que pífio de 0,6% na mesma base de comparação, Minas Gerais ficou no zero a zero, interrompendo a retomada do ritmo de crescimento observada desde o início do ano (veja quadro).

A indústria e a construção civil, entretanto, mostraram boa performance. Se confrontado com o terceiro trimestre de 2011, o PIB mineiro cresceu duas vezes mais que a média nacional, ao fechar com alta de 1,8%, ante 0,9% no país.

A retração de 2,6% no balanço apurado entre julho e setembro fez da agropecuária a principal responsável pela fraca performance da atividade econômica mineira no terceiro trimestre. O resultado anulou os ganhos que o setor havia registrado no trimestre anterior, encerrado com alta de 2,5%. O coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, reconhece que a cafeicultura, pilar da expansão no período, decepcionou. “A nossa pujança econômica nesta época vem do café, que responde por 25% do PIB agropecuário no estado. Tivemos volume, mas não preços, que seguiram em baixa ao longo de toda a safra”, afirma.

A grande diferença em relação ao Brasil, que se beneficiou de um crescimento de 2,5% da agropecuária no terceiro trimestre ante o anterior e evitou um resultado ainda mais decepcionante do PIB nacional, está no comportamento da safra de grãos por aqui. “A nossa é extremamente concentrada. A do milho e da soja ocorrem no segundo trimestre e no terceiro já não há mais colheita”, explica Pierre Vilela. No país, o milho foi a vitrine do setor, ao avançar 27,1% no volume produzido e 10,2% na área plantada na comparação anual.

Além da cotação reduzida do café, a pecuária de leite e corte também deixou a desejar. “Não houve nada que ajudasse”, observa o assessor da Faemg. O relatório da Fundação João Pinheiro destaca o fraco desempenho da pecuária justificado, principalmente, pela quebra da safra de soja e milho nos Estados Unidos. “O encarecimento da ração teve forte impacto”, avalia o pesquisador do Centro de Estatística e Informações da FJP Raimundo de Sousa Leal Filho. A estiagem prolongada contribuíram.

Acompanhando a agropecuária, o setor de serviços – responsável por quase 60% da composição do PIB do estado – , que vinha mantendo dinamismo, fechou o terceiro trimestre em queda de 0,1%. O conjunto das atividades – que inclui intermediação financeira e serviços de informação e de comunicação – puxou a queda. “Acredito que seja um caso isolado e que o setor volte a crescer”, avalia Raimundo Filho.

Construção civil antém ritmo

A indústria voltou a crescer em Minas, depois de um segundo trimestre marcado por estagnação. Responsável por 60% do resultado do setor, a indústria de transformação fechou o terceiro trimestre com alta de 0,6%, diante de uma queda de 0,7% no período anterior, sendo um dos principais propulsores para a o crescimento geral de 0,5% da atividade industrial no estado. Vale lembrar que o resultado do terceiro trimestre pode ser justificado também pela sazonalidade do período, quando as fábricas produzem mais para abastecer os estoques de fim de ano do comércio.

A variação positiva, no entanto, foi inferior à registrada no país, de 1,1%. Ainda assim, é vista com otimismo e pode sinalizar o início do esperado ciclo de crescimento da atividade manufatureira no estado. “O período de alguns trimestres de variação negativa está em vias de ser superado”, acredita Raimundo de Sousa Leal Filho, da Fundação João Pinheiro. A reversão do cenário dependerá da retomada dos investimentos, que ainda não começou. “Esse é um elemento importante para dar sustentação aos resultados”, afirma.

O economista Paulo Casaca, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), também vislumbra dias melhores para o setor em 2013. “Além de uma base deprimida de comparação, o governo tem feito sua parte. Esta semana prorrogou o programa de sustentação do investimento e tem como meta uma expansão dos investimentos de 8% para o próximo ano”, observa. A construção civil, por sua vez, manteve o ritmo de crescimento do segundo trimestre, garantindo o melhor desempenho do setor. Na contramão, o segmento de energia e saneamento caiu 1,4%. (PT) 
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