O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, fez uma análise geral do ano de 2012, em entrevista ao Agro Olhar, e cobrou compromisso do governo com o setor.

Dentre os bons acontecimentos do ano para a pecuária mato-grossense, ele cita o ganho de produtividade dos rebanhos, resultado de muito esforço dos pecuaristas e investimentos em tecnologia.


AO - Quais foram os grandes ganhos da pecuária em Mato Grosso no ano de 2012?

Luciano Vacari - Este ano observamos a capacidade do país em manter o mercado interno e expandir e variar os clientes externos da carne brasileira. Mesmo com o embargo russo foi possível ampliar os abates e expandir a exportação. A expectativa é de que o ano encerre com um incremento de aproximadamente 10% nos abates, visto que até outubro, a média mensal era 12% maior em comparação com 2011, passando de 405 mil animais/mês para 458 animais/mês.
Com este equilíbrio de mercado também foi possível a manutenção de preços, sem grandes oscilações entre a safra e a entressafra. O uso de tecnologias também tem aumentado. Mesmo sem renda, o pecuarista está investindo tanto na recuperação de pastagem e integração com a lavoura quanto em genética.

AO - E as grandes perdas ou entraves para o desenvolvimento?

Luciano Vacari - Entre os problemas que atingiram o setor em 2012, podemos destacar a degradação de pastagem que ainda acomete as propriedades mato-grossenses. Além disso, a falta de recursos públicos para o financiamento impede que o produtor faça a reforma ou recuperação. Este ano, R$ 175 milhões em cartas consultas do Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO) foram aprovadas, mas o governo não fez o aporte. Com isso, passou o tempo e o pecuarista terá mais ano de perdas na produtividade.

Outra perda foi com relação ao embargo russo. O governo, por meio do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) não tem tratado o problema com a devida seriedade. A Rússia é o mais importante mercado da carne brasileira e suas exigências não são atendidas, nem mesmo esclarecidas. Falta compromisso do governo para resolver este embargo.


AO - Em que principais pontos as propriedades que trabalham com pecuária em Mato Grosso evoluíram em 2012 em comparação a anos anteriores?

Luciano Vacari - A pecuária mato-grossense é exemplo no aumento de produtividade. Este ganho, que nos últimos quatro representou uma evolução de 1 cabeça por hectare para 1,17 cabeças por hectare, é resultado do investimento em tecnologia genética, renovação de pastagem e tecnificação da produção. Tudo isso pode ser ainda melhor, mas é preciso que haja contrapartida do governo para oferecer os recursos necessários.

AO - Além dos trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos, a Acrimat tem novas frentes e projetos pelos quais pretende trabalhar no próximo ano? Quais?

Luciano Vacari - Sim. Vamos dar continuidade ao projeto Acrimat em Ação percorrendo 30 municípios do Estado, levando informações para produtores e coletando dados que vão desde infraestrutura logísticas até problemas localizados. Para isso, vamos, em uma equipe, multidisciplinar em todas as regiões do Estado. Além disso, vamos ampliar o programa Workshop da Pecuária de Corte para atingir mais alunos e campus universitários, além de encaminhar as diretrizes formuladas este ano para os responsáveis por cada ação sugerida.