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Notícias / Agronegócio

Tecnologias fazem da Bahia o quarto produtor de café do Brasil

Embrapa Café

 Nos últimos anos, a Bahia não só agregou o café à sua produção agrícola, como também se tornou uma das grandes regiões produtoras do Brasil. Essa conquista é resultado da articulação de produtores, pesquisadores e demais segmentos do agronegócio café que, unidos, vêm obtendo resultados positivos nos índices de produção, produtividade e melhoria da qualidade. Como reflexo desse esforço conjunto, hoje a Bahia é o quarto maior produtor de café, atrás de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, alcançando em 2012 volume de 2.164,7 mil sacas (Conab, setembro de 2012), o que representa 5% da produção nacional.

O estado possui três regiões produtoras principais: Cerrado e Planalto (regiões que concentram café arábica) e Atlântico (especializada em robusta ou conilon). O crescimento mais expressivo ocorria até pouco tempo na região do Cerrado (alta tecnologia, totalmente irrigada), situando-se em torno de 20% ao ano. Recentemente esse crescimento vem se dando também na região do conillon, denominada “Atlântico”, onde alcança a cifra de crescimento de 10% ao ano. Nessa região, dada a proximidade e a troca de conhecimentos tecnológicos com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper - instituição co-fundadora e participante do Consórcio Pesquisa Café, cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, detentora de expertise em conilon - tem proporcionado importantes contribuições para o desenvolvimento da cultura. Na região do Planalto (mais tradicional), investe-se prioritariamente na aplicação de tecnologia para aumentar a produtividade e a qualidade, embora também haja expectativa de ampliação de área, pois o público é, em grande maioria, composto de pequenos agricultores e agricultores familiares.

Papel da pesquisa - Para fomentar a atividade cafeeira no Estado, a Secretaria de Agricultura - Seagri, por meio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA (instituição co-fundadora e participante do Consórcio Pesquisa Café) implantou, nos últimos anos, aproximadamente 30 projetos de pesquisa na área de fertilidade do solo, fitossanidade de lavouras, densidade de plantios, competição de variedades e melhoramento da qualidade, por meio de técnicas de processamento. Os projetos foram instalados nas regiões Oeste, Chapada Diamantina, Planalto de Vitória da Conquista, Serrana de Itiruçu/Brejões. “Também foi e está sendo incentivado o desenvolvimento e aplicação de tecnologias voltadas para melhorar a produtividade, como a arborização, e a qualidade do café produzido, por meio da instalação de terreiro de cimento e/ou suspenso e de pequenas máquinas de despolpamento e beneficiamento voltadas para atender a pequena produção”, completa Ramiro do Amaral, coordenador do Programa Café da EBDA.

Também há o Programa do Café da Seagri, coordenado pela EBDA, que assiste anualmente cerca de sete mil produtores por meio de seminários, capacitações, palestras, dias de campo, treinamentos, excursões e visitas às unidades demonstrativas e orientação creditícia em parceria com agentes financeiros. “O principal foco do trabalho é a transferência de tecnologia e assistência técnica. Tecnologias utilizadas em outras regiões do País foram adaptadas para resolver gargalos da pequena produção no estado”, esclarece Ramiro do Amaral.

Além disso, a EBDA acompanha a safra cafeeira, com o levantamento dos dados da produção em 360 propriedades no Estado e começa a desenvolver, em paralelo, levantamento envolvendo 610 novas propriedades para unificar tecnologias em parceria com a Companhia de Abastecimento - Conab e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Pnud. “A Empresa vem intensificando os trabalhos com os agricultores familiares, público-alvo, em parcerias com prefeituras. Os resultados já refletem nos índices de produtividade e na qualidade da produção. Os cafés de pequena propriedade produzidos na Chapada Diamantina (Planalto) têm se destacado em diversos concursos nacionais”, destaca.

Segundo o secretário de agricultura do estado, Eduardo Salles, a Bahia possui o maior contingente de agricultores familiares do Brasil (665 mil), e as pesquisas são fundamentais para que eles qualifiquem e aumentem a produtividade, alcançando os patamares dos grandes produtores. “Assim, nossa parceira com as instituições de pesquisa vai ganhar mais força nos próximos anos. Estamos trabalhando para isso, pois sabemos que esse é o caminho”, disse.

Estações experimentais e tecnologias validadas - Atualmente, a Embrapa Café alinhou com a Seagri-BA projetos de implantação de duas estações experimentais em Itabela (café conilon) e em Barra do Choça (café arábica). São pilares importantes para a pesquisa aplicada. “Agora só fica faltando uma estação experimental na região Oeste do Estado”, afirma Eduardo Salles. Ele explicou que a implantação das estações experimentais vai permitir a validação das pesquisas realizadas em outras regiões do País e a transferência de tecnologias, principalmente para a agricultura familiar.

O Oeste da Bahia tem validado tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Cerrados no âmbito do Consórcio Pesquisa Café como o estresse hídrico controlado, o programa de monitoramento de irrigação, a aplicação de doses mais elevadas de fósforo na cultura e o cultivo da braquiária nas entrelinhas do cafeeiro. Com 904 hectares cultivados com café arábica irrigado por pivô central e gotejamento para produção de grãos especiais para exportação, a fazenda Lagoa do Oeste possui processo de produção do café irrigado certificado internacionalmente, o que permite à Adecoagro, proprietária da fazenda, manter clientes no Japão, EUA e na Europa.
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