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Notícias / Economia

Agronegócio precisa de estratégias coordenadas para superar velhos problemas

Fabíola Gomes/Gustavo Bonato - Reuters

 Especialistas acreditam que o Brasil precisa traçar uma estratégia que envolva todas as pontas da cadeia do agronegócio, da fazenda à indústria, passando pelo governo federal e pelas entidades que representam o setor, com o objetivo de ampliar os seus mercados, além de buscar formas de reduzir custos.

No perseguição a novos mercados, por exemplo, a grande dificuldade é alinhar toda a cadeia produtiva em busca dos parâmetros técnicos e de sanidade exigidos pelos clientes internacionais.

Em alguns casos isso poderia ajudar o país a vender produtos de maior valor agregado, como carnes, uma vez que o Brasil tem reconhecida competitividade no seu setor primário, apesar dos históricos problemas estruturais.

"Tem um desafio muito grande de colocar produtos de mais alto valor na China... porque eles estão comprando produtos que remuneram menos", disse o diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar, lembrando como foi difícil ao país habilitar as primeiras unidades a exportar carnes à China.

VELHOS E NOVOS PROBLEMAS

Em meio ao cenário desafiador no mercado internacional, o país ainda precisa lidar com problemas recorrentes do chamado "custo Brasil", que minam a sua competitividade, tais como logística deficitária para o escoamento da safra.

"Em 2013, terá uma pressão muito grande. Cresce a safra, mais tem pouca infraestrutura para o escoamento. E tem ainda a questão da mão de obra... o novo desafio da questão dos motoristas", observou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, referindo-se à nova lei que reduz o número de horas que os caminhoneiros podem ficar ao volante.

Até mesmo as grandes agroindústrias sofrem com a escassez de trabalhadores qualificados. "Sentimos isso na pele no interior. Em Mato Grosso e no Nordeste temos tido dificuldade para preencher vagas", disse recentemente o vice-presidente de Finanças da Brasil Foods, Leopoldo Saboya.

Segundo o coordenador do Cepea, a economia brasileira está alcançando o limite da disponibilidade de sua força de trabalho, o que deverá ser um desafio cada vez maior nos próximos anos para as empresas, que hoje estão tendo que equacionar aumentos salariais lastreados no avanço do salário mínimo, o que resulta em mais um ingrediente altista para o custo das companhias.
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