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Notícias / Agronegócio

Bienalidade do café será mantida na safra 2013/2014

Bruno Cirilo - DCI

 A próxima safra de café terá uma queda em torno de 25% em relação ao que foi colhido este ano, devido à bienalidade -que faz com que um ano seja de safra alta, e o outro, de safra baixa-, garante a Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), de Minas Gerais . As projeções de alta, em relação à safra de café de 2013/ 2014, são "exageradas", segundo o líder da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais de Café e Leite (Sincal), Armando Matielli.

"O fato é que a bianualidade é uma característica da cafeicultura brasileira há três séculos. Seu efeito não é mais acentuado como no passado, mas esperar uma quebra de 20% a 30% é perfeitamente razoável", diz Matielli.

Neste ano, em fase positiva, o País produziu 50,8 milhões de sacas (60 quilos) do grão. A exportadora Terra Forte estimou safra de 53,3 milhões de unidades (alta de 15%) para 2013/2014, quando as lavouras passam pelo período de baixa produtividade.

Na contramão de expectativas positivas, a maior organização de café do mundo, a Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), em Minas Gerais, estimou quebra de 25% para 2013, devido aos efeitos da bianualidade.

Já o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla local) havia estimado safra 55,9 milhões de toneladas, em relação a 2012/2013 - um números nada conservador.

"A Cooxupé tem toda razão [ao prever quebra]. As previsões exageradas são para derrubar os preços do café", afirma Matielli, que vem visitando os cafezais ligados aos 40 sindicatos que integram a Sincal. Ele estima produção de 48 milhões de sacas no ano que vem.

Segundo o representante, "as floradas já confirmaram: muitas lavouras estão fisiologicamente debilitadas, e a consequência disso será a quebra".

A Sincal também contesta as projeções de safra divulgadas pelos órgãos oficiais (a Companhia Nacional de Abastecimento acertou, quando previu produção de 50 milhões de sacas neste ano). E diz que, dos dezenove milhões de sacas consumidas no País, apenas algo em torno de dois milhões é do tipo arábica.

"O café que estamos bebendo no mercado interno é de péssima qualidade", acusara Matielli. Cinco milhões de sacas que ficam no Brasil podem ser classificados como PVA (café preto, verde e ardido), do pior tipo, segundo ele. E doze milhões seriam do tipo robusta (ou conilon).

A organização sindical estimava - conservadoramente - que a safra de 2012/2013 seria de 48 milhões de sacas.

Exportações

O café representou 6,6% da balança comercial do agronegócio brasileiro neste ano, de acordo com o governo federal. As exportações do produto somaram, de janeiro a novembro, US$ 5,85 bilhões, com queda de 25,9% em valor, em relação ao mesmo período em 2011.

O café em grãos foi responsável por 88,5% do valor exportado pelo setor, com US$ 5,18 bilhões. As vendas externas foram 28,6% inferiores a 2011, em função da queda de 17,6% em valor e 13,3% em quantidade. Por outro lado, as exportações de café solúvel aumentaram 6,9% em valor, somando US$ 631,2 milhões. Também houve expansão na quantidade (1,7%) e no preço (5,1%).

Os números estão consolidados no Informe Estatístico do Café, atualizado mensalmente pela Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A área nacional plantada com café arábica e robusta totalizou 2,33 milhões de hectares, com acréscimo de 2,25%.
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