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Congestionamentos vão se repetir, alertam produtores

A Tribuna de Santos

 Os congestionamentos que bloquearam ruas, avenidas e estradas da Baixada Santista na última terça-feira devem voltar a ocorrer, pelo menos nas próximas semanas. Isso em razão da inconstância na quantidade de caminhões para o transporte de grãos das regiões produtoras até o Porto de Santos.

Segundo produtores e operadores portuários, até meadosda semana passada, não havia motoristas para trazer as cargas das áreas produtoras até o cais santista. No final da semana, os exportadores conseguiram os profissionais necessários e enviaram, de uma vez, as cargas previstas. A quantidade de caminhões utilizada foi maior do que o terminal de destino podia receber em um dia, gerando o caos viário.

De acordo com empresários do setor, essa oscilação na oferta de caminhões – e suas consequências – devem voltar a se repetir. Este problema aconteceu em Mato Grosso, responsável por produzir 24 milhões de toneladas de sojae 15 milhões de toneladas de milho anualmente. A colheita de grãos, que este ano está 10% superior a do ano passado, é escoada quase que integralmente pelo cais santista. “O colapso não está só aí no litoral. Aqui, não encontramos caminhões suficientes para atender a nossa produção”, explica o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro.

Desde segunda-feira, a BR-364 (que liga o Centro-Oeste a São Paulo) registra um congestionamento recorde de caminhões graneleiros, atingindo a marca de 80 quilômetros de filas para descarregar a carga no Terminal Rodoferroviário, no Alto Araguaia. Essa ferrovia é responsável por escoar toda a carga daquela região até o Porto de Santos.

“Nas últimas semanas, temos enfrentado problemas com os caminhões. A alteração nos valores dos fretes e os problemas constantes existentes na origem e no destino têm afastado os motoristas”, explica o presidente da Aprosoja.

“O apagão logístico está inevitável nos portos do sul e sudeste. Principalmente em Santos, nossa principal rota de saída”, completa. Fávaro avalia como solução o despacho das cargas de grãos para outros complexos portuários, principalmente os do Norte e Nordeste do País. “Se mandarmos a soja, o milho para lá, vamos economizar trecho de mar e nos dará mais agilidade. Por hora, isso não é possível, pois nossa logística não comporta isso”, explica.

Destino

Os caminhões que motivaram grande parte do congestionamento de terça-feira tinham comodestino o T- Grão Cargo Terminal de Graneis S/A, localizado na Margem Direita (Santos) do Porto. “Prevíamos que isso aconteceria, por sabermos que a fonte produtora estava com problemas para conseguir caminhões. Mas, ao invés de regularem a cota diária, mandaram tudo de uma vez”, disse o diretor-superintendente do terminal, Antônio Braz Filho.

Diariamente, o T-Grão pode receber até 250 caminhões. Devido ao excesso de veículos enviados de uma só vez, na terça-feira 350 graneleiros chegaram ao terminal. “Operamos muito acima da capacidade, que pode ficar controlada até 290 veículos. Mesmo assim, tomamos medidas para controlar o fluxo e avisamos a Prefeitura para nos ajudar”, disse.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos, com o aval da Secretaria de Assuntos Portuários e Marítimos (Seport) agiu multando motoristas que formavam filas na Avenida Portuária, na Ponta da Praia.
No fim da tarde de ontem, o titular da Seport, José Eduardo Lopes, disse que o T-Grão será notificado pela Prefeitura de Santos. “Ainda não falamos de multa, que pode resultar até na cassação da licença do terminal”, esclareceu,garantindo que a medida foi tomada para criar “conscientização”. “Não vamo sfechar as portas da Cidade como Guarujá, mas, se isso continuar, estamos estudando qual outro passo tomar”.
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