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Notícias / Agronegócio

Produtores montam força-tarefa e recorrem ao Senado para evitar perda de R$1,5 bilhão

De Rondonópolis - Karoline Garcia - Agro Olhar/Agência Pauta Pronta

Com perdas de 40 milhões de sacas de soja somente na última safra em Mato Grosso, os produtores do grão montam uma força-tarefa e recorrem ao Senado na tentativa de fazer com que o governo federal libere novos defensivos agrícolas para o controle da doença. A perda representa nada menos que U$ 1,5 bilhão nos bolsos dos produtores mato-grossenses.

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Líder do setor produtivo no Congresso Nacional, o senador Blairo Maggi (PR/MT), apresentou requerimento, já aprovado, e conduzirá uma audiência pública na próxima quinta-feira (09) para discutir os impactos socioeconômicos da ferrugem asiática sobre a cultura da soja.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), as perdas em função da ferrugem entre as safras 2011/2012 e 2012/2013 saltaram de duas para cinco sacas, por hectare, no estado de Mato Grosso, maior produtor de soja do país com uma área plantada de aproximadamente oito milhões de hectares.

Conforme os dados, quando se trata de soja com ciclo tardio esse volume dispara e as perdas chegam a até 15 sacas por hectare, o que representa 27% da receita em lavouras com produtividade de 55 sacas por hectare.

Há dois anos o setor tem buscado diálogo com órgãos como os ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, Saúde e da Casa Civil pedindo prioridade nos registros de produtos novos para controle da ferrugem asiática da soja. No entanto, de acordo com a Aprosoja, a Anvisa e o Ibama ignoram os acordos e determinações.

“Embora tenha sido firmado compromisso político de que os produtos seriam analisados até dezembro de 2012, em reunião do CTA (Comitê Técnico de Assessoramento de Agrotóxicos) de 07 de dezembro de 2012 o prazo foi dilatado para conclusão no 1º semestre de 2013, e se restringindo a um único produto novo. E à medida que o prazo final se aproxima fica cada vez mais claro que o compromisso não será cumprido”, alerta o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.

Ainda conforme o dirigente, a doença está adquirindo resistência aos produtos disponíveis, que ainda dão resultado graças a um único ingrediente ativo. Embora existam dois produtos novos em processo de avaliação, a Anvisa paralisou suas análises e o Ibama só analisou um dos produtos, explica o presidente.

Após esforço político e técnico junto à Casa Civil foi firmado em outubro de 2012, compromisso para acelerar a avaliação dos produtos e concluir até o final do ano. “Porém, estamos vendo novamente a paralisação dos trabalhos, postergando uma situação que se arrasta há dois anos”, afirma o presidente da Aprosoja.

Desde a entrada no Brasil na safra 2000/2001, a doença que se dissipa pelo vento e é extremamente agressiva, já deu prejuízo de US$ 25 bilhões (US$ 2,5 bi/ano), incluindo as perdas de arrecadação e os prejuízos diretos ao produtor pela falta de eficiência de controle com os produtos disponíveis. Só nos últimos dois anos foram US$ 5 bilhões de perdas.

A Associação reforça que não há possibilidade de eliminar a doença do território brasileiro, por isso é necessário conviver com ela minimizando sua ocorrência. O produtor precisa estar sempre alerta monitorando a lavoura, usar várias estratégias em conjunto, como: o uso das variedades tolerantes, que atualmente são menos produtivas que as variedades convencionais; a época de plantio mais adequada para a região; obedecer ao vazio fitossanitário estipulado pelo governo para reduzir o potencial de inoculo; e associar tudo isto com o controle químico, usando fungicidas eficientes.

Audiência

Foram convocados a gerente-geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ana Maria Vekic, o coordenador-geral de avaliação e controle de substância química do Ibama, Mareio Rosa de Freitas, o coordenador-geral de registros de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Eduardo Rangel, o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, o presidente da Comissão Nacional de Grãos, Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rui Prado, e ainda o diretor-executivo da Associação Nacional de Defensivos (Andef), Eduardo Daher. O local e o horário da audiência ainda não foram informados.
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