A sucessão em qualquer empresa é sempre um desafio e não raro é tema de romances, telenovelas e peças de teatro devido ao peso de interesses pessoais, familiares e financeiros envolvidos. No agronegócio, isso não é diferente e, por isso, é importante que os participantes do processo sucessório compreendam o que é negócio e o que é família, e tenham noções sobre governança, sucessão e acordo societário – conceitos que podem ser úteis tanto para uma fazenda produtora de algodão em Mato Grosso quanto para uma empresa da Avenida Paulista ou de Wall Street.

Tudo isso foi tema do primeiro módulo do programa Sucessores, realizado em Cuiabá neste final de semana. Na noite de sexta-feira e ao longo do sábado, jovens alunos procedentes de várias regiões produtoras de algodão do Estado assistiram às aulas da professora Ana Rita Schlatter, administradora de empresas graduada pela ESPM e mestre pela FEA/USP. O curso faz parte do Programa de Desenvolvimento do Agronegócio – uma iniciativa da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) e do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), em parceria com Trevisan Escola de Negócios.

“Procurei transmitir para esses sucessores os desafios e sutilezas do processo de sucessão numa empresa”, afirmou Ana Rita. Segundo ela, na maioria dos casos do agronegócio mato-grossense as fazendas estão vivenciando a sua primeira transição. “Todos os filhos são sucessores, mas quem vai gerenciar o negócio? É preciso uma articulação e uma separação dos papéis de gestor e sócio. Isso é governança”, explica a professora.

Durante o final de semana, os alunos tiveram as disciplinas “Estrutura de governança em empresas familiares”, “Papel da família na governança de empresas familiares” e “Mecanismos de monitoramento do agronegócio” – todas a cargo da professora Ana Rita Schlatter. No próximo final de semana, os alunos retornarão a Cuiabá para as disciplinas do módulo Finanças (nos dias 10 e 11 de maio) e, em seguida, terão o módulo Estratégia, também na capital mato-grossense, a serem ministrados pelos professores Uriel Rotta e Tiago Fischer, respectivamente.

Os irmãos Bruna e Sidnei Polato Filho vieram de Primavera do Leste (a cerca de 240 km de Cuiabá), Daniel Brisot veio de Rondonópolis (a 210 km da capital), mas teve gente que veio de Sapezal e de Lucas do Rio Verde, nas regiões Noroeste e Centro Norte. Em comum entre eles, a vontade de aprender como tornar o mais harmonioso possível o processo de sucessão nas propriedades rurais administradas por seus pais, tios e outros parentes.

“Espero receber boas ideias para dar continuidade aos negócios e ampliar minha visão para favorecer um processo de transição normal e sem conflitos”, afirmou Daniel Brisot, 35 anos, filho de um dos fundadores do Grupo BDM – um dos mais tradicionais e atuantes do agronegócio mato-grossense. Bruna Polato, 30 anos, da Fazenda Los Angeles, veio em busca de atualização, mas o que mais chamou atenção dela e de seu irmão Sidnei foi a viagem a São Paulo que o grupo de alunos do programa Sucessores fará de 9 a 14 de junho próximo, com visitas agendadas ao Porto de Santos, à sede da BM&F e empresas do ramo de fertilizantes e produtos agroquímicos.

“Foi o que mais me atraiu. Acho que essa parte do programa no Estado de São Paulo vai agregar bastante conhecimento”, comentou Bruna.

Outros cursos do Programa de Desenvolvimento do Agronegócio – Alta Gerência, Média Gerência e Gestão Estratégica do Agronegócio – estão sendo oferecidos a associados da AMPA, seus colaboradores e familiares – em outras cidades mato-grossenses - como Primavera do Leste, Campo Verde, Sapezal, Sorriso, Campo Novo do Parecis e Lucas do Rio Verde – desde o final de fevereiro passado. O programa está sendo realizado com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).