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Notícias / Agronegócio

Brasil atinge defasagem máxima de estocagem de grãos e mercado entra em alerta

Da Redação - Rodrigo Maciel Meloni

Os problemas de armazenamento agrícola - que assombram a agropecuária brasileira há 13 anos -, foram debatidos entre representantes do governo, do setor agrícola e deputados, na terça-feira (28), na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. 

De acordo com a Agência Câmara, que acompanhou a reunião, o País perdeu sua capacidade de estocar toda a safra de grãos que produz, e neste ano a defasagem atingirá o ponto máximo: com a estimativa de produzir mais de 184 milhões de toneladas, o País só tem capacidade de armazenar 145 milhões de toneladas, ou seja, um déficit de quase 40 milhões de toneladas.

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Especialistas afirmam que o sistema só não entrou em colapso porque as lavouras de soja e milho não coincidem. Produtores e exportadores reclamaram que a falta de armazéns e silos, além de causar filas de caminhões nos portos, também está tornando o custo brasileiro do transporte da lavoura até o comprador cada vez mais alto: aumentou em quase quatro vezes em oito anos e atualmente está em média 85 dólares por tonelada (cerca de R$ 170), enquanto na Argentina, por exemplo, esse gasto é quatro vezes menor.

Esse valor impacta o preço final do produto, tanto para o consumidor brasileiro quanto para as exportações. "Quem paga o preço da ineficiência é toda a sociedade, mas a maioria do peso fica com o produtor", afirmou o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Aluisio de Souza Sobreira.

Entre os agravantes, está o fato de que dos 17.560 mil silos e armazéns públicos e privados do País, 76% não podem operar com estoques públicos, usados para regular o abastecimento e preços de produtos. O secretário-executivo da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Carlos Alberto Nunes Batista, reconhece o problema na armazenagem agrícola. Ele disse que para atender a demanda futura do agronegócio será preciso investir também na diferenciação do transporte da safra, usando mais trens e barcos.
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