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Notícias / Agronegócio

Um hectare de palha gera energia para 20 casas

FOLHA DE S. PAULO

 Essa viabilidade foi um pouco ofuscada nos últimos anos porque os leilões do governo na área de energia não foram favoráveis à biomassa.

Mas a possibilidade de produção comercial de álcool de segunda geração deve dar novo impulso ao setor.

Uma parceira entre o CTC e a New Holland, empresa produtora de máquinas e equipamentos agrícolas, está tornando esse recolhimento viável economicamente, segundo Marcelo Pierossi, especialista em tecnologia agroindustrial do CTC.

A palha serve de matéria-prima tanto para a produção do álcool de segunda geração como para, feitos alguns ajustes, alimentar as caldeiras.

Projeto do CTC busca conhecer toda a cadeia de produção, definindo desde quanta palha pode ser retirada do campo à utilização final dessa matéria-prima.

Os primeiros estudos mostram que a retirada da palha depende do solo e do clima. A retirada em excesso dessa palha poderá prejudicar o solo. A não retirada poderá aumentar as doenças nas lavouras e até trazer prejuízos à brotação da cana.

Um segundo ponto importante na avaliação do especialista é como tirar essa palha do campo e, finalmente, como colocá-la nas usinas.

A New Holland aposta nesse setor, em vista do potencial econômico da palha de cana. A partir do próximo ano a empresa deverá produzir, na Bélgica, enfardadoras adaptadas para as condições do Brasil, segundo Samir Fagundes, especialista em cana e biomassa da empresa.

A demanda dessas máquinas no país vai definir investimentos da empresa na produção interna.

Essas enfardadoras compactam a palha em fardos de 450 quilos, viabilizando o transporte dessa matéria-prima às usinas.

Fagundes diz que a viabilidade econômica da palha é importante devido à grande área utilizada com cana no país. São 8,9 milhões de hectares, segundo a Conab. Pierossi diz que a palha de cada hectare utilizado com cana pode gerar energia para um mês de consumo em 20 casas.

Encontro Uma das discussões ontem no seminário sobre o setor sucroenergético foi por que ainda investir, apesar dos problemas vividos pelo setor. O evento foi realizado em São Paulo pela Unica.

Matriz limpa Na avaliação dos participantes, um dos pontos positivos desses investimentos é a busca de uma matriz energética mais limpa.

Mudanças A continuidade desses investimentos necessita, no entanto, de algumas definições urgentes no setor.

Pressão Os produtos agrícolas mudaram de tendência e voltaram a pressionar a inflação interna. Os dados de ontem do IGP-M referentes a este mês indicam alta de 1,01%, após queda de 0,77% em maio.

Altas As principais pressões registradas pela FGV vieram de soja em grãos (mais 11,4%) e do farelo de soja (18,3%). O feijão também esteve presente na lista das pressões (2,6%).
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