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Relação comercial entre Brasil e China é desfavorável a economia brasileira

Da Redação - Rodrigo Maciel Meloni

O custo benefício quantidade x qualidade dos produtos exportados pelo Brasil para China não impacta de forma positiva na economia brasileira. Estudo dos economistas Gary Gereffi, da Duke University, e Timothy Sturgeon, do MIT – ambas instituições de ensino superior norte-americanas -, enfatiza a que ponto as exportações brasileiras para a China estão concentradas em produtos (tanto commodities quanto manufaturados) com nível muito baixo de industrialização.

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De acordo com a pesquisa feita pelos dois estudiosos, produtos como a soja são exportadas in natura, sem nenhum tipo de beneficiamento, o que não agrega valor ao bem. Se a cadeia de valor da soja for tomada como exemplo, verifica-se que cerca de 95% das exportações brasileiras do produto para a China são de grão não processado.

Soma-se a isso a política do governo chinês, que impõe tarifa de 9% sobre o óleo de soja, em comparação a taxa de 3% para o grão, e o espaço inexistente dado peã administração chinesa para a entrada do farelo de origem brasileira. Esta política de tarifação é estendida a outros produtos primários e industrializados, como aço, papel e celulose.

Os dois pesquisadores alertam ainda para outro grande desafio: a relação comercial mantida pelo Brasil com a China e o que isso representa para o País. “Tome como exemplo a situação da Embraer, que apesar de ser um dos maiores construtores de aeronaves do mundo, depende de 100% de importações do alumínio que usa em seus jatos”, destaca o estudo.

Uma das alternativas apontadas pelos pesquisadores a respeito da reversão deste quadro se baseia num comportamento verificado em 2009, quando ocorreu uma mudança no modelo de troca praticado pelos países.

Naquele ano, com os produtos chineses de alta tecnologia representando 41,4% do total, e os de baixa tecnologia
apenas 20,8% - ou seja, Pequim passou a vender cada vez mais produtos com valor agregado alto para o Brasil. ''O Brasil caiu no mais baixo degrau da cadeia de valor agregado no seu comércio com a China nas ultimas décadas'', concluem os dois economistas.

Os especialistas indicam a necessidade do governo do investir em pesquisa de ponta para criar um parque tecnológico e científico que supra a demasiada exportação de produtos de alta tecnologia de outros países, principalmente a China.

“Só o investimento em educação dará ao Brasil o que ele mais precisa para dar o próximo passo em direção a independência: criar um forte e bem estruturado parque de alta tecnologia”, sentencia um dos economistas.

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