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Cafeicultores veem falha do governo em definir apoio ao setor

Agência Estado

Cafeicultores e lideranças do setor consideram que houve uma falha do governo na adoção de medidas de auxílio à venda do grão, que tiraria do mercado 4 milhões de sacas de 60 kg há alguns meses e teria sustentado os preços atuais. Agora, argumentam, mesmo que o governo adote essas medidas, o efeito será menor porque chega ao mercado o produto da nova safra, em fase adiantada de colheita. A avaliação foi feita em reunião, na sexta-feira passada, 26, na sede da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em São Paulo.

Em comunicado, a SRB informa que os produtores acreditam que é preciso uma política de renda para o setor, passando por um programa de leilão de opção de venda ao governo, além de leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro). Sem isso, preveem, a situação ficará insustentável para a cafeicultura nacional.

O diretor do Departamento do Café da SRB, Luiz Hafers, destacou as dificuldades encontradas na esfera de produção, principalmente do café da variedade arábica, de melhor qualidade, produzido em altitude acima de 800 metros. 'O café tem baixíssimo preço no mercado e o produtor não tem capital para manter essa produção até que as coisas melhorem', disse.

Segundo Hafers, os custos de produção estão entre os principais entraves. 'Em algumas regiões, a mão de obra pode representar até 60% dos gastos totais, em outras, não há sequer capacitação técnica para a atividade.'

Para Hafers, a situação onera principalmente o médio produtor. 'O grande que consegue utilizar maquinário ou aquele que utiliza sua própria mão de obra para o cultivo estão assegurados, porém, o produtor que ainda não se mecanizou tem poucas escolhas e vê sua rentabilidade corroída pelos altos custos de produção.'

Para o presidente da SRB, Cesario Ramalho da Silva, a questão não é a disponibilidade de recursos, mas sua aplicação correta. Segundo ele, é necessário desenhar um novo projeto para agronegócio brasileiro. 'Por mais específicos que sejam os problemas do café, eles aparecem em toda a cadeia do agronegócio, o que demonstra a falta de eficiência do governo', afirmou.
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