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Notícias / Agricultura

Governo ainda não sabe de onde tirará recursos para atender setor

Agência Estado

O desafio do governo para atender o setor da cafeicultura é definir de onde sairão os recursos para bancar os leilões de opções públicas de venda de até 3 milhões de sacas de café. Segundo fontes, os recursos do Tesouro Nacional para as Operações Oficiais de Crédito (2OC) somam R$ 300 milhões e seriam suficientes para garantir a compra pelo governo de menos de 1 milhão de sacas, levando em conta o pleito de lideranças dos cafeicultores.

O governo estuda o remanejamento da programação dos financiamentos previstos pelo Funcafé nesta safra, mas um dos entraves é que a legislação não prevê o uso destes recursos em operações de subvenção, como é o caso das opções.

Embora exista a possibilidade de no futuro o governo vender o café com lucro, caso as cotações subam impulsionadas por uma possível redução da oferta mundial, na prática a operação implica em subvenção, pois se o produtor exercer a opção e entregar o café receberá valor acima do preço mínimo de garantia. Se a opção levasse em conta o preço mínimo não haveria subvenção. Nas operações de opções de venda, os produtores pedem um preço de referência é de R$ 360/saca para o café fino, valor R$ 53 acima do preço mínimo de R$ 307.

Descontando as despesas com preparo do café para entrega no padrão das opções, o preço efetivo de venda sairia em torno de R$ 350/saca.

A reunião do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) marcada para amanhã será justamente para avaliar as alternativas e chegar a uma proposta de consenso. Uma das saídas seria remanejar os R$ 450 milhões que estão programados pelo Funcafé para financiar o capital de giro das cooperativas nesta safra. Os recursos poderiam ser utilizados para compra de café, o que está previsto nas regras do fundo. Vale lembrar que o Funcafé já prevê R$ 500 milhões para financiar a compra de café por exportadores e torrefações.

O cafeicultor Luiz Hafers, coordenador da comissão de café da Sociedade Rural Brasileira, diz que a indefinição no anúncio das medidas de apoio ao setor compromete a credibilidade do governo brasileiro. “O mercado não se tapeia. Ou se faz bem feito ou fica quieto”, diz ele. Na avaliação de Hafers, o que o governo fez até agora “foi pouco, tarde e mal feito”.
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