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Notícias / Agronegócio

Aprosoja “puxa orelha” da Monsanto e pede boicote de RR2

Especial para o Agro Olhar - Thalita Araújo

 Em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (3), a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, Aprosoja, repreende a Monsanto pela comercialização da variedade de soja Intacta RR2 Pro e recomenda aos produtores do estado que não a plantem enquanto não houver aprovação da China para importação.

A China é o país com maior participação nas exportações da soja mato-grossense e, plantar variedades que mais tarde possam ser vetadas pelo país pode significar uma crise no setor, como aconteceu em 2004.

A Aprosoja justifica a recomendação quanto ao lançamento da Monsanto em decorrência de preocupação com uma possível contaminação de soja Intacta RR2 Pro em carregamentos de soja com destino ao mercado chinês.

Confira a nota na íntegra:


A Aprosoja – Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso vem a publico recomendar: PRODUTOR NÃO PLANTE VARIEDADES DA NOVA SOJA DA MONSANTO Intacta RR2 Pro, ENQUANTO ESTA NÃO FOR APROVADA PARA IMPORTAÇÃO NA CHINA.

Essa recomendação é decorrente da forte preocupação da Aprosoja com as enormes consequências de uma possível contaminação de soja Intacta RR2 Pro em carregamentos de soja com destino a nosso principal mercado, a China. Todos os produtores brasileiros ainda têm amargas lembranças da enorme crise de preços causada pela recusa de várias cargas de soja brasileira pelos chineses em 2004.

Apesar das autoridades competentes da União Europeia já terem aprovado a tecnologia Intacta RR2 Pro para a soja, resta ainda a pendência com relação ao importante mercado chinês, hoje o maior comprador de soja do Brasil. Somente no ano passado, o país asiático importou do nosso país 22,7 milhões de toneladas do produto respondendo por US$ 11,2 bilhões em receitas.

A Monsanto se comprometeu, em 2011, a não comercializar qualquer evento de soja cuja aprovação não estivesse concluída nos principais destinos de exportação da oleaginosa brasileira. Mesmo com todos os mecanismos de controle e monitoramento propostos pela Monsanto, verifica-se um enorme risco neste prematuro lançamento no mercado brasileiro de semente de soja da variedade Intacta RR2 Pro.

A preocupação da Aprosoja é também compartilhada pelas empresas compradoras e tradings de soja, representadas pela ABIOVE, Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal. Esta preocupação é agravada com a previsão de safra recorde e de logística cada vez mais precária e ineficiente no nosso país. O produtor e as empresas comercializadoras de soja poderão ser os grandes perdedores neste processo.

Se isto não fosse o bastante, a empresa ainda esta condicionando o plantio desta soja à assinatura de um contrato, o qual repassa toda e qualquer responsabilidade ao produtor em caso de contaminação. O parecer do setor jurídico da Aprosoja diz: “o contrato em questão impõe risco demasiado ao produtor, que por uma simples e incontida contaminação de talhão ou produção, ainda que de maneira involuntária, pode ser obrigado a pagar indenização à Monsanto e a Terceiros, multa a administração pública, pode ter sua atividade suspensa, sua fazenda embargada, e ainda ser preso.”

A Aprosoja reconhece que os investimentos em pesquisa, especialmente em biotecnologia, são fundamentais para a manutenção da competitividade da agricultura Brasileira, contribuindo para o aumento da produtividade, redução de custos e, principalmente para a maior sustentabilidade do sistema produtivo.

Reconhecemos também que a assincronia de aprovações entre o Brasil e países importadores representa um sério problema à nossa agricultura. Somente de soja, existem eventos aprovados no Brasil da Basf/Embrapa e Bayer, que não serão lançados enquanto as empresas não obtiverem as devidas aprovações nos principais importadores. Esta é a postura que consideramos correta e responsável.

A Aprosoja considera esta ação da Monsanto um flagrante desrespeito ao compromisso assumido pela empresa com o setor em 2011 e principalmente um desrespeito para com o produtor de soja do Brasil, já tendo comunicado formalmente esta preocupação à diretoria da Monsanto.

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