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Diretor defende transferência do controle da LBR para a Lactalis

Agência Estado

 O diretor presidente estatutário da LBR Lácteos Brasil, Nelson Bastos, em sua apresentação na Assembleia Geral de Credores da companhia, instalada e suspensa nesta quinta, dia 29, disse que a eventual transferência de controle da empresa à Lactalis por meio de aumento de capital será "a melhor solução" para a LBR neste momento de dificuldade financeira. Mas, em um discurso claro para acalmar os presentes, garantiu que se não houver acordo, o plano de recuperação judicial já proposto será cumprido.

– A proposta da Lactalis, para nós, é a melhor solução que pode ocorrer. Mas se não se efetivar, teremos uma LBR que irá sobreviver e terá condições de cumprir o plano proposto – declarou o executivo. A garantia de pagamento aos credores feita por Bastos se baseou em alguns números apresentados pelo executivo na reunião desta quinta.

Segundo ele, desde que a empresa entrou em recuperação judicial, em fevereiro, foram adotadas medidas de redução de custos e despesas fixas e variáveis, além de uma mudança na estratégia da companhia, com foco em produtos, mercados e canais com maiores margens.

– Estamos vendendo menos da metade de produtos e houve redução da quantidade de fábricas – informou Bastos. O números de itens no portfólio da companhia passou de cerca de 300 para 100 e as unidades fabris, de 31 para 11.

Conforme dados da LBR divulgadas pelo executivo nesta quinta, a receita bruta da companhia passou de R$ 144 milhões em fevereiro para R$ 181 milhões em julho, avanço de 26%. Já a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), na mesma base de comparação, passou de um valor negativo de R$ 4 milhões para uma cifra positiva de R$ 11,9 milhões em julho.

– Esse número de Ebitda superou a estimativa que prevíamos no plano. Tenho certeza de que vamos atingir uma margem Ebitda de 5%, 5,5% – disse.

Já a captação de leite, segundo o executivo, aumentou 17% entre maio e julho, enquanto os estoques de produtos recuaram 64% desde fevereiro. Houve uma redução de 34% nos custos fixos e de 34% em funcionários, para 3.170 colaboradores.

– Desde abril, esses últimos números estão estáveis – destacou Bastos. As perdas operacionais caíram 77% entre março e junho e os custos com frete diminuíram 22% de janeiro a junho.

– A gente está mostrando que o que está previsto no plano é 'cumprível'. O que temos feito é consistente e será sustentável – destacou o executivo da LBR. As dívidas da companhia de lácteos são calculadas em mais de R$ 1 bilhão.

No plano de recuperação judicial da LBR, entregue à Justiça em maio, estão previstos pagamentos a credores – essencialmente financeiros e trabalhistas – até 2026 e alienação – na forma de arrendamento com opção de compra – de qualquer uma das 12 unidades produtivas atuais da companhia.

No documento também está previsto que os credores extraconcursais, que não se submetem aos efeitos da recuperação judicial, incluindo aqueles que detêm alienação ou cessão fiduciária de valores mobiliários ou imobiliários em garantia, serão pagos por meio de empréstimos, com juros pagos semestralmente a partir de junho de 2014, calculados pela taxa Selic, mais 0,5%. O valor do principal será pago em parcelas semestrais, com início em junho de 2018, sendo R$ 25 milhões por semestre até 2020.

Os credores financeiros serão pagos em parcelas semestrais, com início em junho de 2016 até 2026. Já os créditos dos fornecedores essenciais vencidos até a data do ajuizamento da recuperação judicial, serão dados em até 24 meses. Demais credores e fornecedores não essenciais terão suas dívidas quitadas a partir de janeiro de 2014, em parcelas mensais, até janeiro de 2016. Segundo apurou o Broadcast, sérvio de notícias em tempo real da Agência Estado, os arrendamentos de qualquer das suas 11 unidades produtivas deverão ser feitos – total ou parcialmente – por até 10 anos, com opção de compra.

Entre as justificativas apresentadas pela companhia para a recuperação judicial estavam questões estruturais do setor de leite no país, que trouxeram impacto negativo na produtividade do negócio, dentre elas a pulverização dos produtores e a tributação ineficiente. A empresa tem créditos em PIS/Cofins de cerca de R$ 500 milhões que ainda não foram monetizados. Além do BNDES, os principais credores financeiros da empresa são a Caixa, Banrisul, HSBC, Santander que, juntos, são responsáveis por pouco mais de 50% do total do endividamento da LBR.
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