Imprimir

Notícias / Agronegócio

Pequeno produtor deve focar nichos de mercado para exportar cachaça, diz CBRC

Globo Rural

Representante de uma empresa com sede em Londres, Iam Palm trabalha no desenvolvimento e propagação de marcas de bebidas no mercado internacional. Na Expocachaça, feira do setor que vai até este domingo (8/9) em São Paulo, ele exibe um extenso catálogo e conta que já trabalha com produtos brasileiros no exterior
.
Mas não tem dúvida: a cachaça artesanal é hoje o que tem maior potencial. “Há todo um mercado a ser explorado que ainda não conhece a cachaça artesanal. Conhece basicamente a caipirinha”. Palm acredita que a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 podem ser importantes para a promoção do produto.

O diretor de marketing da Expocachaça, José Lúcio Mendes, concorda. “A cachaça é menos conhecida, por isso tem maior potencial de explodir no mercado internacional”. Ele também acredita que a Copa e as Olimpíadas são oportunidades para o setor superar uma das principais dificuldades: aumentar a presença no mercado externo.

Atualmente, apenas 1% da produção brasileira (de 1,3 bilhão de litros) é exportada. Segundo Mendes, 30% vão para a Alemanha, outros 30% para o Mercosul e 40% distribuídos entre diversos outros países. Ele, que também preside o Centro Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC), explica que maior parte é das grandes indústrias.

Para os pequenos produtores, é mais complicado ir para o exterior, diz o presidente do CBRC, porque dificilmente atingem escala para competir no exterior. Segundo ele, a produção varia de 50 a 150 mil litros por ano, enquanto seria interessante pelo menos um milhão de litros anuais.

Para o presidente do Centro Brasileiro de Referência da Cachaça, uma solução é investir em produtos diferenciados, como cachaças mais nobres ou produtos que tem a bebida como ingrediente e buscar segmentos mais restritos, como cadeias de restaurantes e lojas de bebidas. “Os pequenos têm tentado ir ao mercado internacional com nichos. A venda é em menor quantidade, mas o produto tem maior valor agregado.”

Um dos objetivos é consolidar a participação nos Estados Unidos, principalmente depois do reconhecimento pelos americanos da cachaça como bebida típica brasileira, ocorrido neste ano. “Todos estão de olho porque a entrada (no mercado americano) pode ser mais fácil. Na Europa é mais difícil por restrições e diferenças de taxação”, explica José Lúcio Mendes. Outra meta é ter o produto reconhecido pela China.

“Um pequeno produtor pode planejar um crescimento da produção de acordo com a demanda. Mas, em um primeiro momento, tem que ir de acordo com a realidade dele. Priorizar nichos de mercado para atender o cliente externo e não se descuidar do mercado interno, que é importante”, diz ele.

Ian Palm, o representante da empresa britânica, acredita que, para conquistar de vez o mercado internacional, o setor precisa, em conjunto, reforçar a identidade da cachaça como produto brasileiro. Depois, cada marca atuar em seu segmento. “Os brasileiros têm que ser mais orgulhosos dos seus produtos. São muitas marcas diferentes. Se trabalharem juntos, ficam mais fortes”.
Imprimir