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Notícias / Agricultura

Presidente da Ampa comemora sucesso do 9º CBA e ressalta desafios evidenciados durante o encontro

Especial para o Agro Olhar - Thalita Araújo

O mês de setembro começou com grandes expectativas para o setor da cotonicultura no Brasil. Brasília sediou entre os dias 3 e 6 o 9º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), que reuniu lideranças de todo o país e do exterior, sob a organização nesta edição da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). O presidente da associação e da 9ª edição do congresso, Milton Garbugio, concedeu entrevista ao Agro Olhar e comemorou o sucesso do evento, ressaltando os desafios que ficaram evidenciados durante os dias de discussão.

Agro Olhar - Qual a análise do Sr. sobre os dias de integração e discussão do 9º CBA?

Milton Garbugio - Podemos dizer que o 9º CBA foi um grande sucesso. Tivemos aproximadamente 1.400 congressistas de vários estados produtores de algodão e de outros países. As plenárias estiveram lotadas, assim como foi intensa a circulação de pessoas nos estandes. De modo geral, todos aprovaram a nova estrutura do evento, com dois dias dedicados ao Módulo Negócios e dois ao Módulo Científico. Vários aspectos que envolvem o presente e o futuro da cotonicultura foram intensamente discutidos, tais como a qualidade da fibra, custos de produção, logística, biotecnologias e, naturalmente, o controle de insetos-praga como as lagartas do gênero Helicoverpa spp.

No aspecto político, o congresso também teve êxito. Tivemos a presença de cerca de 30 representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária no almoço da FPA realizado no Hotel Royal Tulip Alvorada Brasília, como parte da programação do CBA e, na oportunidade, um dos pontos discutidos foi a urgência de se obter a autorização do Governo federal para utilização de defensivos agrícolas importados no combate emergencial de pragas e doenças.

Além disso, contamos com a presença de dois senadores e vários deputados federais na solenidade de abertura do congresso, ao lado do governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, e do secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, que representou o ministro Antônio Andrade.

Agro Olhar - De todos os principais assuntos colocados em questão durante o evento, quais são os que inspiraram maior alerta e preocupação? Por quê?

Milton Garbugio - Temos vários temas que estão interrelacionados e foram muito debatidos ao longo do Congresso. Por exemplo, a qualidade da fibra é um tema sempre desafiador e fundamental para garantirmos o futuro do nosso negócio. É um tema que pode ser debatido no aspecto científico associado ao controle de pragas e doenças, e outros cuidados indispensáveis no manejo das lavouras e no beneficiamento da pluma.

O tema da qualidade da fibra também está relacionado à questão dos custos de produção que, por sua vez, tem tudo a ver com a infraestrutura logística, que, na minha opinião, é hoje o nosso maior problema.

Outro assunto que despertou muita atenção em vários momentos do congresso é a importância de se preservarem as biotecnologias e isso passa pela adoção pelos produtores das medidas recomendadas pela pesquisa, como áreas de refúgio, monitoramento constante, e controle químico e biológico de insetos e vetores de doenças. Só assim, poderemos vencer o ataque da lagarta Helicoverpa armigera e outras lagartas e insetos praga.

Agro Olhar - A participação dos cotonicultores foi como a organização esperava? Os principais cotonicultores de MT marcaram presença?

Milton Garbugio - Sim, a participação dos cotonicultores superou a nossa expectativa. Contávamos com 1.200 congressistas e acabamos tendo 1.400 devido ao grande interesse despertado pelo 9º CBA.
Não posso citar nomes para não cometer injustiças, mas posso garantir que Mato Grosso marcou presença em Brasília com as lideranças dos principais grupos empresariais e produtores individuais de algodão, comprovando a força e a união dos associados da AMPA.

Agro Olhar - Entre cotonicultores, pesquisadores, estudantes, palestrantes e outros, quantas pessoas, em média, participaram do evento?

Milton Garbugio - Estimamos um público circulante de aproximadamente 2 mil pessoas, incluindo o pessoal dos estandes, palestrantes (cerca de 100) e a equipe responsável pela organização do evento.

Agro Olhar - Que principais desafios ficaram evidenciados pelo congresso e que Mato Grosso deverá enfrentar na próxima safra de algodão?

Milton Garbugio - Durante o CBA, especialistas como o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o diretor executivo do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC na siga em inglês), Terry Townsend, nos alertaram para as ameaças existentes no cenário econômico mundial. Mais do que nunca, precisamos estar preparados para enfrentar esses desafios.

Hoje o grande desafio do produtor de algodão é reduzir os custos de produção e aumentar sua produtividade, ou seja, a capacidade de produzir mais e melhor, para enfrentar a concorrência das fibras sintéticas e manter a posição do Brasil como o terceiro maior exportador de algodão em pluma e o quinto maior produtor mundial.
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