Opinião
Você sabe o que é ceratocone?
Autor: Helder Rondon Luz
24 Fev 2019 - 08:00
O ceratocone é uma doença oftalmológica, mais especificamente uma ectasia corneana assim denominada no meio médico, onde acontece uma distorção da córnea, que a grosso modo, poderíamos dizer que é a principal camada ocular responsável pela nossa visão.
De fator causal múltiplo e incerto, às vezes associada à hereditariedade ou a algumas doenças genéticas e muitas vezes associadas com hábitos de fundo alérgico como “coçar os olhos”, sua incidência é mais comum na faixa etária dos 10 a 30 anos, mostrando um caráter, e aí mora o grande perigo, progressivo; levando a uma baixa visual significativa se não diagnosticada cedo e tratada de forma correta e precocemente.
Costumo explicar aos meus pacientes, para facilitar a compreensão, que o ceratocone, tanto em sua evolução quanto em seu tratamento, deve ser visto com uma escadaria: no primeiro degrau e estágio mais leve, optamos em primeiramente realizar o diagnóstico e orientar sobre a doença e o acompanhamento adequado, e neste primeiro degrau, normalmente, apenas o óculos já se mostra efetivo. Com uma possível evolução da ectasia, subimos mais um degrau no tratamento e pode ser indicado o uso de lentes de contato rígidas, uma vez que nesse estágio o óculos já não mais fornece uma boa visão.
Em um terceiro estágio, quando a lente também já não se mostra satisfatória, podemos lançar mão de técnica cirúgica chamada de implante de anel intra estromal, traduzo: sob incisão feita a Laser, são implantados pequenos segmentos de arcos de anéis, de material obviamente inerte ao olho, que tem a capacidade de moldar esta deformidade corneana trazendo os olhos do paciente com ceratocone a uma situação mais próxima da normalidade e assim reestabelecendo a visão. Em um quarto e último estágio, e hoje em dia se torna cada vez mais raro devido a informação à população e opções prévias de tratamento, está o transplante de córnea, que a apesar de ser cada vez mais raro, associada ao grande tempo de espera na fila de transplante no Estado do Mato Grosso, guarda sua importância de melhora nos casos mais graves e avançados.
E por fim, (e talvez esta tenha sido a melhor descoberta na área de Oftalmologia nos últimos anos), ao longo de toda essa progressão, ou subida de degraus está o Crosslinking, um procedimento oftalmológico minimamente invasivo que tem a capacidade de interromper esta progressão, ou como digo, parar esta subida de degraus, e portanto, quanto antes diagnosticado e acompanhado o paciente, mais cedo podemos interromper a doença e assim permanecer com melhor visão possível.
Helder Rondon Luz é médico formado pela UFMT, Oftalmologista especialista em córnea e catarata.