Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

Eu não vou

Querida Paulinha, caçulinha do meu coração:

Se algum dia você decidir fazer doutorado não me chame, por favor, porque eu não irei. Desde já eu me declaro impossibilitado de participar de uma sessão de apresentação de dissertação, nos moldes daquela do seu mestrado, que tivemos o prazer de assistir há poucos dias na Universidade de Brasília -  UnB. Foi algo que ninguém, da sua família, pode ficar impassível.

Se você não percebeu, até Tiagustim (professor velho de guerra) chorou de emoção.  Sua mãe não cabia em si de tanto orgulho da filha mais nova. Eu, então, até agora não consegui, nem entender nem digerir, tudo o que senti.

É por isso que eu lhe peço para não me convidar para a solenidade de conclusão de doutorado, pós-doutorado, enfim, de qualquer evento acadêmico solene semelhante àquele do dia 22 p.p. Eu sinto que preciso me cuidar, sabe? Devo prevenir situações desse tipo zelando pela minha estabilidade emocional – que nunca foi lá essas coisas, você sabe disso muito bem.

De modo que é isso: você precisa me poupar. Gente que já está do meio dia pra tarde, como eu, não pode mais com grandes emoções. Eu me declaro incapaz de viver toda aquela emoção de novo.

Mas que foi um dos bons episódios que eu já experimentei na vida, lá isso foi. Assistir à sua apresentação foi muito legal; presenciar a sua performance frente à banca, sempre muito à vontade, foi melhor ainda; acompanhar o seu desempenho, quando lhe coube defender um ou outro ponto de vista, foi uma coisa impagável para mim, seu velho pai que segue sendo extremamente sensível.   

Eu faço questão de dar destaque especial à sua orientadora, pela lhaneza no trato, e às professoras que compuseram a banca, igualmente gente do bem, conhecedoras da Psicologia e do tema apresentado, e que fizeram pontuações e cobranças sempre pertinentes sobre o seu trabalho. Eu posso avaliar tanto a satisfação daquela, quanto a responsabilidade destas; pelo menos em parte, eu consigo.

Conhecer alguém que participou do trabalho de campo que embasou a sua pesquisa e que foi influenciada positivamente por ela, foi outra coisa que me deixou muito sensibilizado. Afinal, ela é figura ou é fundo em sua pesquisa?

A mim me cabe saudar, por fim, o grupo de seus colegas de curso que compareceram ao evento para encorajá-la, darem força moral, emocional e espiritual, e experimentarem ou reviverem pelo menos um pouco do gostinho que é concluir algo como o mestrado – com todos os louros e todas as cobranças que isto significa, cobranças que pesam tanto sobre quem faz quanto sobre quem acompanha e orienta.

Parabéns, filha querida. O papai está muito orgulhoso de ti.


Luiz Cesar de Moraes é jornalista em Cuiabá
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