Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

A mágica Cuiabá

Amigos de infância às vezes me criticam muito pelo meu saudosismo. Chegam a me perguntar se estou bem, se nada tem me incomodado. Faço de rogado, pois até hoje nenhuma explicação sobre a palavra saudade me convenceu.

Acho que esse substantivo feminino se expressa de maneiras diferentes dependendo daqueles que desfrutaram de uma ou inúmeras e prazerosas experiências em determinada fase da vida.

Quem na juventude que aqui morou, não teve passagens maravilhosas no Ginásio Brasil, no Colégio dos Padres, no Colégio Estadual de Mato Grosso ou na Escola Modelo Barão de Melgaço?

Você não teve? Então não viveu a época de ouro da Cuiabá da década de 60.

Os domingos começavam para a gurizada na missa das sete na Igreja Boa Morte e depois dela obrigatório se tornava assistir o Catecismo do frei Quirino se quisesse jogar bola no campo do padre. Não assistiu? Então nunca jogou bola no campo do Frei.

Continuava o domingo as treze horas na matinê do Cine Teatro Cuiabá e depois assistindo um seriado. O último que assisti foi “Adaga de Salomão”. Jamais esquecerei. Antes a gurizada na porta do cinema trocavam seus “gibis” com outros colegas. Era de Zorro, Rin Tin Tin, Tarzan, Roy Rogers etc. Nunca trocou um gibi? Ah você não morou aqui né?

E a noite? À noite para se encerrar o domingo era um sorvete no bar do Seror e um “footing” (passeio em volta do jardim Alencastro de mãos dadas com a namorada) escutando a retreta do décimo sexto batalhão de caçadores até as nove horas, pois às dez horas e EFLA desligava o motor de luz no morro do Dom Bosco.

Ainda tinham as domingueiras no Clube Feminino onde deliciávamos com as músicas de Jacildo e seus rapazes, conjunto que marcou época na cidade.

Domingo ou um feriado a gurizada vinha pela hoje Avenida Fernando Correa atravessava o Pico do Amor (uma poeira solta de matar que estragava até nossas bicicletas) para tomar um delicioso banho no Rio Coxipó. Nunca fez isso? Ah então você não viveu na mais bela fase de Cuiabá.

Intervalo de aula do Colégio Estadual era absolutamente “lei” pedir para alguém na rua que comprasse um picolé de groselha no bar do Sinfrônio, sem dúvida o melhor do pais. Não chupou nem um? Realmente você não é daqui.

Se a aula acabasse mais cedo, uma ida ao bar lambari frito na ponte nova era aprovada por toda gurizada. Ali se degustava um delicioso lambari e um guaraná Predileto do Sr. Filinto Ribeiro.

Você nunca fez nada disso? Respeito-o pois não morou na melhor fase da nossa querida Cuiabá.

São estas algumas das milhares lembranças desta terra que vez ou outra faz rolar no meu rosto uma lágrima de tristeza, pois sei que nunca mais poderei repetir o que fiz.
Cuiabá meu amor por você não será expresso por outdoors. Será expresso pelo aumento das batidas do meu coração quando estas passagens vierem  na minha mente. Essas batidas só eu e você vamos ouvir.


EDUARDO PÓVOAS É AMANTE DE CUIABÁ.
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet