Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

Provérbios e prenúncios

Sempre que assisto a um desses desagradáveis momentos a que nos têm sujeitado os políticos me deparo comigo mesmo procurando encontrar nos mais longínquos cafundós do passado razões para que tenhamos chegado a esse estado deprimente de degradação política.

Quando digo degradação me refiro a toda e qualquer forma usada para identificar os atos sem classificação de boa parte das pessoas que hoje nos representam no Legislativo.

Àquele provérbio ensinado por pais e mestres zelosos pela educação de seus filhos e que dizia claramente que “um erro não justifica outro” muitos como eu, procuramos seguir ipsis litteris. Por sua influência percorremos o caminho mais próximo possível da honestidade, da honra e da verdade. para quem fosse a frase era dita como o prenúncio de uma sentença tão severa e proporcional quanto a gravidade do ato errado que ousássemos cometer. Infelizmente a mensagem contida no provérbio parece não ter sido entendida por todos. Se fosse, não estaríamos vendo as gerações que se sucederam agir com tamanha insensatez como agora.

A maior parte das pessoas da minha geração não corroborou para a instalação de um ambiente tão degradado, tão sem ética, nem tão desrespeitoso com o que é público como o que estamos vivendo de um bom tempo para cá, mas também erramos por termos ficado calados e omissos.

“Errar é humano…”. É como começam muitas frases e mensagens de otimismo. Todavia, por mais que traduzam sentimentos de esperança não possuem tanto escopo quanto aquele provérbio, principalmente por ser costume usá-las para tentar minimizar ou mesmo explicar erros injustificáveis. No passado e nessas ocasiões ouvíamos alto e bom som, “isso explica, mas não justifica” o que foi feito. Pelo jeito, isso infelizmente virou coisa do passado. que será dito por nossos Deputados e Senadores para convencer os brasileiros de que estão trabalhando por nossas reais necessidades e pelo futuro do país daqui para a frente? Que “o futuro a Deus pertence”? Será esse outro provérbio nossa sentença?

Sim, porque até agora a estratégia utilizada pelo Legislativo foi manter as questões referentes às desmedidas despesas e regalias da dispendiosa estrutura de gestão de seus gabinetes longe do debate. Da mesma forma agem no sentido de também manter equidistantes de controle externo os assuntos relativos aos cortes nas despesas das Côrtes do seu parceiro de gastança desmedida, o Judiciário. Certamente este é outro prenúncio de que tentarão de tudo para manter não as nossas, mas as suas contas pagas por nós pessoas comuns, por nossos filhos e netos, pelos mais pobres e aqueles que virão depois, caso haja sobreviventes.

Talvez aqueles políticos se juntem novamente aos sociólogos e ideólogos do passado, os mesmos que nos trouxeram o caos, para tentar nos convencer que darão seu jeitinho para pagar as contas dos governos federal, estaduais, municipais e, é claro, nossas aposentadorias integralmente. Quem sabe contarão outra lorota como aquela do dinheiro infindável do pré-sal ou de que serão necessários apenas pequenos ajustes no Plano Real para recuperar a economia. Dirão que vai dar para pagar tudo e ainda controlar a inflação, arrumar emprego para todo mundo, além de fazer o PIB crescer rapidamente e sem maiores sacrifícios da população. Porque tudo o que sabem falar sobre a crise por eles instalada por aqui é que ela não passa de marolinha, balela, de conversa para boi dormir, que é pura jactância de liberais da extrema direita.

Quem sabe o pessoal que já tratou de cuidar de sua outra cidadania e que já tem até lugar próprio para morar no exterior acredita neles e volta. Perguntem aos Caetanos, ao Chicos, às Fernandas, aos Jeans, aos Gilmares, aos Pedros e tantos outros que se aproveitaram da ocasião pra picar a mula.


Marcelo Augusto Portocarrero é Engenheiro Civil. 
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