Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

Milho e etanol: uma união de valor

Há quem diga que o milho em poucas safras irá ultrapassar o volume da soja em Mato Grosso. Não duvido muito, até porque hoje produzimos praticamente a mesma quantidade de cereal em relação a oleaginosa, porém em uma área 50% menor. A expectativa é que a produção do cereal mato-grossense para safra 2018/19 fique prevista em 32,26 milhões de toneladas, enquanto em soja foram 32,5 milhões de toneladas. O impulsionador para isso não somente foi o clima, mas também o etanol.

Com uma tonelada de milho é possível produzir 420 litros de etanol, 180 Kg HF + 105 Kg HP (seco) de DDG (produto utilizado para ração animal, tanto de bovinos quanto de aves, suínos e peixes), 18 litros de óleo de milho (que pode ser refinado ou virar biodiesel), além da co-geração de energia elétrica, diante o uso de biomassa.

Mato Grosso na safra sucroalcooleira 2019/2020 deverá produzir 2,27 bilhões de litros de etanol. Tal volume supera em 25,9% a oferta do ciclo passado de 1,8 bilhão de litros. A entrada da operação de mais usinas “full”, ou seja, que utilizam apenas o milho para a produção do biocombustível é a propulsora para o resultado, uma vez que a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar está estabilizada.

Contamos hoje no estado com três usinas “full” em operação e outras duas sendo construídas com previsão de entrar em operação em 2020. Além disso, duas novas usinas foram anunciadas recentemente e, de acordo, com a União Nacional do Etanol de Milho (UNEM), há pelo menos mais cinco projetos em médio prazo. Vale lembrar que ainda contamos em Mato Grosso com três usinas “flex” produzindo o biocombustível tanto a partir da cana-de-açúcar quanto do milho.

O crescimento do número de usinas “full” em Mato Grosso comprova os dados que a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgados há cerca de dois meses, de que o etanol de milho não só está ganhando espaço, mas como veio para fortalecer a cadeia dos combustíveis de fontes renováveis, bem como a própria cadeia produtiva do cereal que hoje conta com mercado “garantido”.

Conforme a Conab, o etanol de milho deverá fechar a safra 2019/2020 sucroalcooleira respondendo por 46% da produção total de etanol em Mato Grosso. Isso quer dizer que dos 2,27 bilhões de litros projetados para o atual ciclo 1,04 bilhão de litros virão do cereal.

Temos que destacar que Mato Grosso, segundo a Conab, é hoje o 5º maior produtor de etanol do Brasil, sendo o maior na produção de etanol a partir do milho. A entrada da operação de duas usinas “full” em 2019 e a ampliação de uma inaugurada em 2017, inclusive, impulsionou um aumento de 76% na produção de etanol de milho em Mato Grosso no atual ciclo em comparação a safra 2018/2019, quando produzimos somente 590,9 milhões de litros.

Não podemos negar que a união destas duas cadeias, a da produção de milho e a de biocombustível, é uma união de valor. Uma união na qual muitos saem ganhando. O produtor rural por ter para quem vender, a indústria por não ficar ociosa na entressafra da cana-de-açúcar (como é o caso das usinas flex) e o estado e municípios com investimentos gerados pelas construções das usinas, geração de emprego e arrecadação de impostos.

Um novo ciclo sustentável floresce em Mato Grosso e, para exemplificar, serão 10 milhões de toneladas de milho industrializados que vão gerar R$ 846 milhões de ICMS aos cofres do estado. O mesmo volume de milho exportado gera R$ 86 milhões para Mato Grosso, por meio do Fethab.

 
Marino Franz é sócio fundador da FS Bioenergia e presidente de Fundação de Pesquisa Rio Verde
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