Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

A distância entre a rua e escola

Inúmeros fatores mantêm as pessoas em situação de rua fora da sala de aula. Porém, a verdade é que o motivo da ausência, na escola, por parte dessas pessoas é, exatamente, a falta de alto estima que muitos têm e que provoca a desmotivação para a busca por melhorias na forma de vida que levam e que destrói muito da dignidade que, ainda, resta na consciência individual.

A distância entre a rua e a escola está na incapacidade que as pessoas sentem por imaginarem-se discriminadas pela sociedade pela forma de vida que escolheram para viver. Existe sim muita discriminação na sociedade brasileira, mas isso não pode ser empecilho para a busca de melhorias da vida de cada um; mesmo daqueles sem recursos para viver em sociedade.  A grande razão pela evasão escolar e discriminação que acaba ocorrendo no seio social está na desestrutura familiar que fragiliza a sociedade e a joga contra os princípios morais históricos da sociedade contemporânea.

O que a história trouxe e deixou como legado permanece na memória do coletivo social, porém as razões que fomentam os impropérios que se alastram em meio a todos os sociáveis enriquecem o desânimo que está impregnado nas pessoas, cuja capacidade é reduzida por consequência da falta de estímulo e aptidão para os enfrentamentos da vida comum. Com isso, as ruas ganham muito mais adeptos que a própria escola, diante da proposta de garantias de qualidade de vida. Parece um antagonismo, mas as pessoas que estão em situação de rua garantem que não têm oportunidade para a frequência escolar.

Existem regras para a frequência escolar. Cada escola tem a sua política administrativa condizente com os aspectos de convivência social como manutenção da ordem, perante as relações e inter-relações sociais. Mas, há, também, os programas de educação escolar que oferecem condições e oportunidades para o resgate do tempo perdido na esfera educacional. Qualquer brasileiro tem direito à educação. É necessário estabelecer as diretrizes que articulem educação e situação de vida, dentro da ideologia da plena convivência social, a partir das relações humanas que mantém a sociedade em comum-unidade.

As pessoas em situação de rua têm direito a educação escolar, dentro de todas as prerrogativas condizentes ao processo pedagógico de qualquer instituição de ensino. Podem e devem buscar a educação como porta de entrada para o encontro de soluções que visem transformações na vida e que garantem a estabilidade educacional como alternativa de melhorias no convívio social e familiar. Ninguém pode ficar fora da sala de aula por motivos banais. A política educacional, do Brasil, é baseada na perspectiva de fomento à qualidade de vida e manutenção da vida social, no sentido promover e garantir direitos.

Com isso, a evasão escolar e a desmotivação ao estudo demonstra que há coisas que não estão funcionado na educação escolar no Brasil e isso é um grave problema que precisa ser diagnosticado o mais rápido possível, a fim de que a educação escolar permaneça abrindo horizontes na vida das pessoas que acreditam num futuro melhor. É inadmissível a escassez de oferta e oportunidade para a frequência escolar das pessoas em situação de rua. A educação escolar é, também, uma forma de estabelecer a aproximação dessas pessoas às outras, numa interatividade, essencialmente, social.

As discriminações; os preconceitos, tudo isso provoca desânimo e desconforto. O estabelecimento de mecanismos e formas que aprimorem as relações sociais, também, pode favorecer a interlocução entre as pessoas que, de certa forma, se assemelham na postura e na dinâmica de fortalecimento das relações, no sentido de proporcionar a igualdade no âmbito estudantil para que essas pessoas possam se sentir confortáveis e confiantes na interatividade social como base para efetivar a frequência escolar. Qualquer que seja a forma ou mecanismo que possa diminuir a distância existente entre a rua e a escola precisa ser motivado e implementado, com rapidez, para que haja engajamento, por parte das pessoas em situação de rua, pela oferta e proposta do ensino como articulação na tratativa da efetivação da excelência no ensino.

O que faz as pessoas buscarem aquilo que as satisfaz é a disponibilidade das outras para acolher e motivá-las pelas experiências adquiridas demonstradas de forma humilde e que comprovam que a esperança e a crença nas verdades podem estabelecer confiança e conforto nas relações sociais.
 


Valdir Rozeno É Funcionário Público Estadual e Mestrando do Curso de Mestrado em Educação ​do Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE da UFMT.
 


 
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