Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

O Desafio da Educação em Direitos Humanos

Imagino que no Brasil as diferenças são condições para a vida social. Pois, há diferenças na fala, no comportamento e no vestuário das pessoas de modo geral. As diferenças, no Brasil, não estão, somente, entre homens e mulheres, mas também, no poder aquisitivo de inúmeros brasileiros. E, infelizmente, essas diferenças são responsáveis pela “divisão” da população.

Essa divisão da população que destaco, aqui, é multidimensional. Vejo situações vexaminosas vividas por pessoas que não têm a mínima condição de competir ou igualar-se, mas, muitas outras as submetem ao ridículo. E isso acontece em qualquer parte do país, como se fosse coisa corriqueira ou normal. Muitas pessoas, em todo país, divertem-se com os desgostos das outras. Fazem chacotas de forma abusiva e descomunal. Muitas vezes, sinto náuseas ao deparar com coisas que, a meu ver, são deprimentes para qualquer ser humano.

Na contramão disso tudo, está a educação em direitos humanos, como uma incógnita na vida social de muitos que, de alguma forma, estão, apenas, divertindo. Dentro da concepção do processo de cidadania que, em tempos remotos, era pauta de discussões elementares no âmbito do poder público, mas, hoje, infelizmente, é assunto fragmentado, está a divisão da população que caminha, a passos largos, rumo ao desconhecido provocando indigestão em muitos que, ainda, acreditam em mudanças.

É necessário provocar, na população, a aptidão pelas causas que podem enriquecer o convívio e as relações sociais de forma proporcional, a fim de que, muitos que são afoitos pelo previsível, sejam solidários no gosto e na preferência daqueles que sonham com um mundo mais humanizado. Pois, a distância entre humildade e nobreza provocada pelos os que se julgam superiores é que estimula as diferenças que, consequentemente, acabam na divisão. Educar é questão de virtude e uma grande gama de virtuosos da educação está preparada para difundir os direitos humanos como ação renovadora para a construção de uma vida de paz.

Mas, eles – os virtuosos – estão na berlinda; enclausurados, por consequência da contenção de despesas; combate ao desperdício. Não é necessário investir na educação, todos estão preparados para os enfrentamentos, pois o patriotismo precisa estar acima de tudo. Ora, para a educação jamais deve haver limites, porque, se assim for, o país estará, literalmente, fadado ao atraso. Mas, não é disso que a educação em diretos humanos está precisando, agora. O que está faltando e precisa ser ativado, são os conhecimentos, dentro da concepção de cultura em que homens e mulheres se igualam em tudo. Essa igualdade está, também, na atitude de dignidade, principalmente, daqueles que, de alguma forma, defendem algum direito do ser humano enquanto membro social.

Parece ousadia falar em direitos humanos para algumas pessoas no Brasil. Há os que se ofendem e dizem que, apenas, um público seleto de marginalizados são agraciados pelos direitos humanos. Essa é uma prova de que está faltando educação em direitos humanos para a sociedade em geral. Não é possível que uma população tão grande como a brasileira, ainda, pensa de forma retrógada a respeito dos direitos humanos. Por isso, insta dizer que o desafio da educação em direitos humanos, hoje, é, exatamente, difundir-se para alcançar todos os que se encontram a mercê da intolerância e da ignorância cultural; intolerância e ignorância que só é capaz de estimular a audição aos impropérios baseados num patriotismo discursal.

Essa educação precisa partir da boa vontade dos gestores da administração pública, a fim de fortalecer as pessoas que, ainda, acreditam na esperança de um futuro baseado no compromisso social que mantém e conserva um pouco da cultura como forma de estimular crescimento e progresso. Não é admissível que a própria direção do país entenda o contrário daquilo que, há décadas, a educação vem tentando provar de que crescimento e progresso são qualidades de uma educação voltada ao civismo e patriotismo que converte as pessoas à crença da liberdade e responsabilidade mútua perante as mazelas da sociedade, as mesmas que podem barrar atitudes de perseverança.

É preciso fortalecer a ideia de educação emergencial como alternativa para o despertar de pessoas que, infelizmente, encontram-se estagnadas e estatizadas acreditando em discursos fúteis que, apenas, motivam a raiva e a discórdia aos fatos e atos de tempos atrás que, também,  levou para o ralo muitas das coisas que pareciam estar dando resultados. Por isso, vale a disposição para os enfrentamentos vindouros, a fim de estabelecer a educação em direitos humanos como compromisso de governabilidade.
 

Valdir Rozeno É Funcionário Público Estadual e Mestrando do Curso de Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação/PPGE da UFMT.

 

 
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