Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

Do rosa ao azul, e agora?

Chegamos ao mês de dezembro e com ele vamos completar uma serie de campanhas sobre a saúde, com destaques para os meses Outubro Rosa e Novembro Azul. Estas campanhas tem desempenhado um papel fantástico em termos de conscientização das pessoas para procurarem os médicos e poderem assim diagnosticar o mais precocemente possível seus problemas de saúde, o que facilita, e muito, o tratamento.

Mas o nosso problema é maior que isso, principalmente nas camadas mais humildes, onde muitas vezes a doença é diagnosticada, mas o tratamento termina por ser demorado, diminuindo a eficiência das campanhas. Isso tem feito o objetivo do diagnóstico precoce ser menos eficaz do que deveria ser, além de dolorido para as pessoas que sabem do problema e não iniciam o tratamento adequadamente.

No primeiro semestre temos em janeiro saúde mental; em fevereiro a conscientização sobre Lúpus, Fibromialgia, Mal de Alzheimer e sobre a Leucemia; março traz o debate sobre a prevenção ao Câncer de Colo Retal; em abril a conscientização sobre a importância da Segurança no Trabalho e sobre o Autismo; em maio Prevenção de Acidentes de Trânsito e Prevenção a Hepatite; junho é o mês da Doação de Sangue e Conscientização sobre a Anemia e Leucemia.

No segundo semestre vem em julho é dado destaque as Hepatites Virais e também sobre o Câncer Ósseo; em agosto o Aleitamento Materno; em setembro para a Conscientização sobre a Doação de Órgãos e Prevenção ao Câncer de Intestino, além da Prevenção ao Suicídio e as Doenças Cardiovasculares; em outubro Câncer de Mama; em novembro o Câncer de Próstata e ao Diabetes, além do Câncer Infanto-juvenil; e em dezembro Prevenção contra a AIDS e o Câncer de Pele.

Sabemos que boa parte das doenças estão relacionadas ao modo de vida das pessoas, principalmente daquelas que vivem em áreas urbanas. Estresse, hábitos alimentares ruins, inatividade física, postura corporal, alcoolismo, tabagismo, solidão, tristezas e outras mais, são as maiores causadoras das demais patologias.

Sem parar e nem desmerecer as campanhas citadas, até porque tem lá sua eficiência, mas não ficaria mais barato evitar o inicio delas, ao invés de somente diagnosticar quando já existe? Sim, isso é possível! E o Poder Público deveria pensar com planejamento, zelo e carinho, pois o resultado lá na ponta, no diagnóstico e no tratamento, diminuiria e ficaria imensamente mais barato.

No meu caso, que sou médico ortopedista, a prevenção seria de enorme economia para o Poder Público, pois o trânsito, a ausência de exercícios regulares e corretos, somados aos acidentes de trabalho e domésticos, respondem por quase a totalidade dos atendimentos diários.

Como corrigir isso? Somente o Estado tem o poder de interferir positivamente neste contexto que, de uma forma ou de outra, também está correlacionada às demais patologias. Um trânsito mais humano e menos predador traria menos gasto e mais vida saudável a milhares de pessoas todos os meses.

Um programa de saúde da família, usando os parques e praças, que contassem com assistente social, professores de educação física, fisioterapeuta, médicos, pessoas para aferir pressão e glicose é um exemplo que baratearia o custo da saúde aos estados e municípios e melhoraria a qualidade de vida das pessoas.

Um único professor de educação física e um fisioterapeuta atendem seis bairros por dia e uma única equipe multidisciplinar conseguiria atender até quatro bairros por dia. Portando, custo irrisório para tamanho beneficio.

Precisa somente de interesse, estudo, planejamento e vontade para executar. Saúde com qualidade de vida diminui em pelo menos dois terços os gastos com o sistema de saúde pública no Brasil.

Dr. Luiz Fernando Amorim é médico ortopedista e traumatologista em Cuiabá
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