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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

Turbulência no preço da soja: surto de coronavírus e choque no petróleo

Março de 2020 está na contramão do esperado. Meses atrás, era inesperado um surto sanitário, a nível mundial, como o coronavírus. E, ao mesmo tempo, uma batalha de preços no mercado de petróleo. Esse choque de notícias afetou com intensidade os mercados de capitais. E, com isso, os preços internacionais perderam a referência. 

Coronavírus

A China foi muito impactada pelo vírus. Sendo ela a maior demandante dos principais produtos comercializados no mundo, ocasionou um choque de demanda. Diversos produtos tiveram negócios interrompidos. Em seguida, o vírus se espalhou por outros países e a Europa se tornou o novo epicentro da doença. Pegou a Itália em cheio, seguido de outros países. Posteriormente, os Estados Unidos. 

Tamanha propagação e impacto no setor produtivo obrigaram os bancos centrais e governos a intervirem em suas economias, injetando dinheiro mediante diversas formas. Ineditamente, fronteiras foram fechadas, algo que não ocorreu nem nas duas guerras mundiais. 

Petróleo 

Não obstante, no mercado de petróleo os sauditas iniciaram um duelo com os russos, numa guerra de preços no barril da commoditie. Ameaçaram primeiro e, em seguida, venderam o barril 25 dólares. Deste a crise de 2008 isso não ocorria.  No final de 2019 o barril era cotado a mais de 60 dólares. O que representa uma queda muito intensa e repentina.

E a soja? Por que está sendo impactada? 

Dada essa crise mundial, os principais players de investimentos começaram a liquidar posições a fim de garantir caixa (liquidez como se diz no mercado de capitais), e preservar patrimônio num cenário de quedas de cotações nos principais ativos, ações, títulos públicos, títulos privados e afins.

Até mesmo commodites, que costumam ser um porto seguro contra crises, tiveram quedas expressivas, afinal, existe um choque de super oferta de petróleo e um choque de demanda dos demais produtos pela China.

Não apenas grandes players, o movimento foi tão intenso que ocasionou um efeito manada na população. Muitos pequenos investidores venderam ativos financeiros com o mesmo intuito.

Neste ponto entra a soja. As quedas foram expressivas na oleaginosa na bolsa de Chicago.

Quem esperava uma alta de preços pelo início do acordo comercial entre China e EUA, consequentemente, também um aumento de importações pelos asiáticos, caiu com os burros n'água. 

Mercado de derivativos na soja

Um detalhe que leigos no mercado financeiro costumam deixar passar é a posição dos players. Mais especificamente as posições em opções: as calls e as puts. 

Basicamente, hoje existem muito mais puts "in the money" do que calls. Ou seja, muitos investidores compraram puts a fim de especular na queda do preço ou se proteger desta queda. Agora, com a queda dos preços, eles vão se desfazer dessas posições, vendendo essas puts com um bom lucro ou exercendo o direito de venda nos respectivos strikes a qual compraram essas puts. Este exercício gera uma operação de venda de contratos futuros. Mais vendas de contratos futuros.

Como todas as crises, esta também vai passar. Sigamos em frente plantando, colhendo e trabalhando. 

 

Maurillo Marcondes Lários -  Assessor de Investimentos XP/EQI Investimentos.
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