Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Advocacia 4.0, o advogado do futuro

Atualmente, a taxa de crescimento de advogados brasileiros é maior do que a da população brasileira ou do PIB chinês, por ano! O número de profissionais do Direito no País já ultrapassa 1 milhão. Esse número só parece pequeno diante da imensa quantidade de processos que se amontoam nos escaninhos dos tribunais do Brasil. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem hoje mais de 80 milhões de processos e, enquanto a taxa de congestionamento do 2º grau é de 54%, no 1º grau é de 74%.   

Os magistrados brasileiros, é importante destacar, estão entre os mais eficientes do mundo, o que pode ser uma novidade para muitos. Entretanto, a conta nunca vai fechar se no País a primeira porta de acesso para a solução dos problemas ainda é a do Judiciário.    

Por sua vez, o exercício da advocacia tradicionalista, como era conhecida, não mais se concebe nos dias atuais. Aliás, passamos a notar uma semelhança da advocacia com outras profissões, em que a habilidade de empreender é essencial. Todavia, embora o advogado tenha sido treinado cinco anos nos bancos das faculdades para litigar e defender os interesses de seu cliente, baseado nos ditames legais, ele não foi preparado para empreender, mas é imprescindível que aprenda.    

O mundo está em constante mudança. Portanto, buscar novos conhecimentos é sempre o melhor caminho para se tornar um profissional atualizado e adaptar-se ao mercado. Nem mesmo um mundo tão conservador e tradicional como o do Direito poderia ficar de fora de tais mudanças.  

Constantemente, novos instrumentos são oferecidos aos especialistas com o objetivo de facilitar o seu trabalho. Por isso, é preciso ter amplo entendimento de como fazer um bom uso deles, como redes sociais e aplicativos, a fim de que proporcionem um retorno significativo.  

Não somente a postura do profissional do Direito impõe uma reformulação, como a política de tratamento judiciário de conflitos. Nessa linha, foi lançada em 2010 a Resolução 125 do CNJ que visa difundir a cultura do consenso e os chamados Métodos Adequados de Solução de Conflitos – os MASC´s.   

Os desafios de empreender vão de simples a complexas questões. Dentre elas, envolve desenvolver habilidades de gestão de pessoas, multidisciplinaridades, liderança, estruturar um bom plano de negócios, montar uma equipe de alta performance, se diferenciar da concorrência, atrair novos clientes, além de manter os já conquistados, claro, e isso tudo em um mundo que muda em uma velocidade nunca antes vista.   

A cada momento surgem novas tecnologias, novas empresas, novas profissões e novas formas de trabalhar. A Revolução 4.0, por exemplo, trata da nova era do mundo digital, da tecnologia blockchain, a internet das coisas, a inteligência artificial, o big data, os drones e a biotecnologia, associada ao desenvolvimento tecnológico e ao processamento de grandes bases de dados.   

Tudo isso se traduziu em mudanças em todos os setores, inclusive na tradicional carreira jurídica, provocando transformações no mercado de trabalho e exigindo dos advogados uma reformulação contínua em sua maneira de atuar. Com efeito, o advogado ressurge em uma nova modalidade de profissional jurídico, o advogado 4.0.   

Esse profissional não apenas compreende, mas utiliza e implementa as inovações tecnológicas como ferramentas inteligentes em sua forma de trabalho, também aplica as mais variadas plataformas para otimizar o seu ofício, reduzindo o tempo e obtendo um resultado de excelência, ou seja, fazendo mais e melhor, em menos tempo.   

Assim, compete cada vez mais ao advogado buscar o conhecimento, em vários segmentos de negócios, para compreender sobre os desafios reais que os escritórios de advocacia e os departamentos jurídicos enfrentam hoje, voltados para a alta performance, para a inovação, visando o aperfeiçoamento da gestão jurídica e, sobretudo, a aplicação da tecnologia.  

A tecnologia deve ser vista como aliada e ela vem impactando o mercado jurídico há alguns anos, tanto é que hoje em dia em alguns tribunais a petição é aceita somente via online. Isso não significa dizer que as máquinas vão substituir os seres humanos, pelo contrário, os advogados é que vão se beneficiar da inteligência artificial para evitar dispender tempo com atividades repetitivas.  

Hoje, além da porta do Judiciário, existem novas portas de solução de conflitos, destacando-se a mediação, a conciliação e a arbitragem, competindo ao advogado indicar para o seu cliente a melhor porta de acesso conforme o caso em concreto.  

Assim, o advogado terá mais tempo para se dedicar às tarefas realmente importantes e decisivas, elaborar as estratégias a serem utilizadas em cada caso e pensar o direito, atributo que máquina alguma provavelmente jamais poderá realizar.  

Dessa forma, é evidente que a profissão de advogado não vai desaparecer. As atividades repetitivas é que estão sendo substituídas pela inteligência artificial e outras tecnologias. Entretanto, ao advogado abrirá a oportunidade de exercer a sua atividade essencial, a de criar o direito e pensar como as leis devem nortear o mercado frente à essa nova realidade aliada à tecnologia, com o objetivo principal de direcionar o seu cliente para o melhor caminho na solução de seus problemas. 

 

Melanie de Carvalho Tonsic Advogada. Mestranda em Resolução de Conflitos e Mediação pela Universidade Europea del Athántico. Especialista em Negociação, pela CMI Interser, no Harvard Faculty Club, Cambridge/MA. Especialista em Mediação de Conflitos na Universidade de Salamanca – Espanha. Especialista em Mediação e Arbitragem na Universidade Portucalense – Portugal. Mediadora. Arbitralista. Fundadora e CEO da ACORDIA Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem. Membro da Comissão de Mediação e Arbitragem da OAB/MT.  

 


 
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